Agosto em Lisboa

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Na esplanada só eu, ela e ele. O filho brincava no parque em frente enquanto ele ia mexendo no telemóvel, um olho no miúdo, outro no aparelho. Ela escrevia num caderno, tinha um livro aberto e um portátil com uma folha de cálculo.

É Agosto e em Lisboa só ficámos nós. Leio e tomo notas.

"O miúdo tem genica!", diz ela, chamando-lhe a atenção e o sorriso.

Conversam, ele tem a guarda do garoto durante uma semana, ela uma tese para terminar.

O calor, o silêncio nas ruas, as tardes tão longas.

Ele muda-se para a mesa dela e começam a falar mais baixo, já não os ouço, mas entendo-os. Riem, acenam com as cabeças.

É Agosto e as ruas de Lisboa ficaram vazias, silenciosas, quase íntimas.

Nuno Camarneiro

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