Agências querem divulgar Portugal como destino turístico

Agentes de viagem e operadores turísticos brasileiros estão interessados nas novas estratégias de Portugal para divulgar o país como destino turístico prioritário para os brasileiros, mas apontam problemas.
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Para trabalhar no fortalecimento da marca de Portugal como destino, é preciso que haja investimentos e um esforço de longo prazo para consolidar a marca, explica Paulo César Soares, diretor geral da RDTours, empresa que trabalha há 15 anos no Rio de Janeiro enviando portugueses para Portugal e no mercado de receção de portugueses no Brasil.

"Fazer um destino é função do Governo, um trabalho de longo prazo. Para conseguir captar, se vale a pena investir ou não no destino, é preciso saber se o Governo está aberto e disposto a investir e fazer que esse destino se torne conhecido no mercado brasileiro", disse à Lusa Soares.

Atualmente Soares trabalha com o segmento de "turismo de colónia", normalmente entre filhos e descendentes de portugueses que voltam às terras de origem com frequência para visitar parentes.

"É um turismo de saudade, de viagens regulares com certa frequência por ano e que fica restrito à região e não tem intenção de passear pelo país", explicou.

O fluxo de portugueses que viajam para o Brasil varia entre 250 a 300 mil turistas por ano, metade do que acontecia há quatro anos. O mesmo ocorre no sentido inverso: houve uma redução de portugueses e descendentes que viajam para Portugal, até por causa do envelhecimento da comunidade de portugueses no Brasil.

"O fluxo de imigrantes esteve interrompido por mais de 20 anos, agora está começando a retornar com portugueses com um perfil diferente", afirmou.

O diretor desta operadora admitiu estar interessado em conhecer a nova proposta de promoção do país do Turismo de Portugal e já pensa em ampliar o volume de clientes interessados em conhecer o país.

"A minha intenção é ver o que eles têm para investir nesse novo mercado. Acho que as ideias são boas. Talvez o governo português, nesse momento, não tenha verba disponível para fazer um trabalho mais pesado, que seria muito importante, mas através de parcerias também pode ser possível se chegar a um bom resultado", ressaltou.

Segundo destacou, é importante conquistar o interesse do brasileiro para conhecer o país e fazer com que ele desfrute do destino.

"Portugal tem um dos melhores climas da Europa, um país comparativamente barato com o restante da Europa e que fala a nossa língua. Ou seja, uma série de situações que conspiram a favor de Portugal, mas falta que isso seja mostrado e passa por um trabalho de imagem e comunicação", argumentou, lembrando que há ainda um obstáculo, no sentido de que Portugal não seja um destino de primeira linha".

Com estas novas ações, o operador já pretende expandir seu público e ampliar os lucros. "Queremos alcançar um mercado e um público que ainda não conseguimos", concluiu.

Contudo, agentes de viagem criticaram o baixo volume de publicidade do país no Brasil e a diferença de tarifas aéreas. É mais barato voar pela TAP para Paris do que voar para Lisboa.

"Portugal tem que estar mais presente, os atrativos, a hotelaria tem que ser mais vistos, além de tarifas mais atraentes que despertem no brasileiro a vontade de ficar em Portugal", disse Bia Barros, diretora da Mondeo Turismo, operadora no Rio.

Ela defende um produto voltado especialmente para o perfil do brasileiro. "Gostaria muito que Portugal estivesse mais presente", afirmou.

O gerente regional da TAP no Rio de Janeiro, António Jorge, admitiu a diferença de preços nas passagens aéreas. É 10 a 15 por cento mais barato ir a destinos como Paris em relação a Lisboa.

"A questão de Portugal ser mais caro como destino é porque é o nosso melhor produto, é a única empresa que voa direto saindo do Rio de Janeiro, com nove horas e meia de voo", disse à Lusa, lembrando que "a maior fatia da venda não é Portugal, e sim a Europa", explicou.

Por ano, a companhia aérea transporta cerca de 1,1 milhões de passageiros de 10 cidades brasileiras em 74 voos por semana. Contudo, apenas menos de metade dos passageiros desembarcam no país, o restante segue em ligações para outras cidades europeias.

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