Africanos duros de roer em jogos oficiais com Portugal

Seleção nacional só tem duas vitórias em cinco jogos oficiais com adversários vindos de África. Esta quarta-feira é dia de reencontro com marroquinos de má memória no México 86
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A seleção nacional defronta esta quarta-feira Marrocos, sob arbitragem do americano Mark Geiger, na segunda jornada do Grupo B do Mundial 2018. Após o empate a três bolas com a Espanha, um triunfo na partida do Estádio Luzhniki, em Moscovo, deixa a porta entreaberta para Portugal garantir o apuramento para os oitavos-de-final.

Só que o histórico da equipa das quinas frente a africanos em competições oficiais não é brilhante: pois em cinco jogos apenas tem duas vitórias: no Mundial 2006 com Angola (1-0), com um golo de Pauleta, e em 2014 diante do Gana (2-1), em que beneficiou de um autogolo, tendo Ronaldo marcado o segundo. Há ainda a registar um empate a zero com a Costa do Marfim no Mundial da África do Sul.

Curiosamente, os dois primeiros jogos oficiais com africanos resultaram em desilusão. Há 90 anos, nos Jogos Olímpicos de Amesterdão, em 1929, Portugal foi derrotado pelo Egito, naquele que foi o primeiro contacto de sempre com África.

Pior, muito pior foi a humilhação diante de Marrocos, no México 1986. No jogo disputado em Guadalajara, a equipa das quinas, envolta no escândalo de Saltillo, precisava de ganhar para se apurar, mas aos 62 minutos já perdia por 3-0, devido a dois golos de Khairi e outro de Krimau. O melhor que a equipa orientada por José Torres conseguiu foi um bonito golo marcado por Diamantino, a onze minutos do final.

Veja aqui as imagens do jogo entre Portugal e Marrocos no México86.

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Rui Águas foi um dos jogadores que fizeram a estreia em mundiais nessa partida e recorda que "a equipa vivia um período instável devido ao caso Saltillo, que piorou após a derrota com a Polónia". O antigo avançado lamenta a "preparação deficiente" da seleção para esse Mundial, em que as condições de treino eram "horríveis". "Com Marrocos começamos logo a perder e tudo se tornou mais difícil. Ainda para mais entrámos nesse jogo conhecendo pouco do adversário... era só o que víamos na televisão. Hoje é tudo esmiuçado até ao mais ínfimo pormenor", atirou, acreditando que no jogo de amanhã em Moscovo "Fernando Santos sabe bem o que vale Marrocos e, pelo que já se pode ver, parece ser uma equipa com jogadores de qualidade mas com algumas deficiências defensivas que podem ser aproveitadas", frisou.

Última derrota com Cabo Verde

As restantes 18 partidas com seleções africanas foram em particulares, sendo o saldo positivo neste aspeto, com 13 vitórias, quatro empates e apenas uma derrota com Cabo Verde, em 2015, no Estoril, num jogo em que Fernando Santos promoveu sete estreias - Anthony Lopes, Paulo Oliveira, André Pinto, Bernardo Silva, Ukra, Danilo Pereira e André André -, numa equipa de segundas linhas. Aproveitou Rui Águas, então selecionador dos cabo-verdianos, que construiu o triunfo na primeira parte com uma equipa repleta de jogadores que alinhavam em clubes portugueses.

Rui Águas assume que "foi estranho" ganhar a Portugal, mas "para Cabo Verde foi memorável". O atual selecionador dos cabo-verdianos avisa que hoje "as seleções africanas podem ser complicadas", pois "há muito talento" e, "se houver uma boa organização", tornam-se equipas difíceis de bater. "A escolha dos treinadores acaba por ser fundamental para essas seleções", diz.

Cinco golos de Ronaldo

Os dois últimos confrontos de Portugal com equipas africanas realizaram-se já no período de preparação para o Mundial da Rússia. Em Braga, André Silva e João Mário colocaram a equipa das quinas em vantagem perante a Tunísia, seleção que conseguiu chegar ao empate a duas bolas. Antes da partida para Kratovo - local de estágio da equipas das quinas na Rússia -, os comandados de Fernando Santos venceram a Argélia no Estádio da Luz por 3-0, com um bis de Gonçalo Guedes e outro golo de Bruno Fernandes, numa partida em que Ronaldo saiu aos 74 minutos naquela que foi a sua 150.ª internacionalização.

Ronaldo fez onze jogos com seleções africanas, não sendo o registo extraordinário, pois apenas contabiliza cinco golos, dois num particular com os Camarões (5-1) em 2013, um frente ao Gana (2-1) no Mundial de 2014 e dois já neste ano com o Egito. CR7 é, juntamente com Pauleta, o melhor marcador português nos confrontos com africanos, tendo o açoriano marcado um num particular com a Tunísia, três num duelo com Cabo Verde e outro na abertura do Mundial 2006, com Angola.

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