Afinal, "logo, logo" era muito mais logo

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Assistimos nas últimas semanas a um estado de sítio generalizado na política portuguesa. Às vezes, dou por mim a pensar o que achará o comum cidadão acerca desta "esquizofrenia" que tomou de assalto os políticos portugueses e as mais altas instâncias do país. E ainda almejamos diminuir a abstenção?

À crise sanitária, da qual ainda estamos longe de recuperar, somou-se a crise económica para a qual já havíamos achado uma solução (PRR), mas que deliberadamente decidimos adiar. Adiamos o futuro das empresas, adiamos as ambições dos empreendedores, adiamos os sonhos dos jovens, adiamos o futuro das famílias, e hipotecamos, uma vez mais, o futuro do país.

Com a crise económica, outras vieram, como a da saúde física e mental, a da educação e a social. No nosso vocabulário, a palavra "crise" começa a ser quase tão comum como um "sim" ou um "não".

Em política, como na vida, as palavras têm muita força, especialmente quando são proferidas pelo chefe de Estado. Umas semanas antes da votação do Orçamento do Estado, ouvimos por diversas vezes o Presidente da República ameaçar o país com eleições antecipadas, caso a geringonça não se entendesse. Mas o tom da ameaça foi-se agravando à medida que o dia da votação se aproximava, como nunca antes havíamos assistido. Os avisos de Marcelo Rebelo de Sousa à navegação, que nos últimos dois anos eram um habitué, passaram a constituir uma ameaça séria e iminente, que o mesmo fazia questão de radicalizar à medida que o tempo ia passando. Inclusive, ouvimos o que nunca antes tínhamos ouvido: Marcelo tinha já uma data para as eleições e o OE ainda não tinha sido chumbado. Disse que "logo, logo" dissolveria o parlamento e agendaria as eleições legislativas. De Marcelo - o equilíbrio do sistema - passamos a ter um Marcelo - o influenciador do sistema. E é precisamente aqui que António Costa viu a oportunidade. Com um governo profundamente desgastado e depois do cartão vermelho que os lisboetas deram ao Partido Socialista nas eleições autárquicas, apanhando a direita em fase reestruturação, viu a oportunidade ideal para desviar o foco. Se em política a palavra é mister, o timing é tudo. O Presidente da República estendia assim a passadeira vermelha a António Costa que, se tivesse verdadeiras intenções de ver o seu OE viabilizado, logo mudara de rumo quando se apercebera de que esta era a oportunidade ideal para sair de cena, para mais tarde voltar, mas mais forte.

Não deixa de ser irónico que sendo o PS e António Costa os que mais mereciam a nossa censura pública pelo estado em que deixaram o país, serem os mesmos que saem completamente ilesos desta brincadeira.

O PSD ofereceu aos portugueses uma alternativa política nas últimas eleições autárquicas. Os portugueses responderam dando uma vitória política ao PSD e invertendo o ciclo político. Não podemos defraudá-los.

Portugal precisa do PSD e o PSD precisa de todos nós!

Deputada do PSD

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