Advogado dos clientes acusa Estado de prejudicar credores
"O Estado está a exercer privilégios creditórios em detrimento dos clientes. Está a alienar património prejudicando clientes porque isto não vai para a massa falida do banco", disse à Lusa Carlos do Paulo, referindo-se à venda em leilão do edifício do BPP no Porto.
As instalações do banco na Avenida Montevideu, que foram ocupadas várias vezes pelos clientes, estão hoje à venda em leilão electrónico, com um preço base de 394.611 euros.
"Isto tem o fim de pagar ao consórcio a contragarantia do Estado, ficando de fora da esfera jurídica dos clientes e do banco", lamentou o advogado.
Carlos do Paulo acusa ainda o Estado de ter apoiado o banco, mas ter deixado de lado os clientes do BPP. "O Estado apoiou o banco, mas não apoiou os clientes e agora está a cobrar diretamente, fazendo venda de património, das contragarantias que tinha, prejudicando os clientes", afirmou.
O advogado reconheceu que "os clientes estão à revelia" desta situação porque "acreditam na boa fé e idoneidade do Estado, que às vezes não se comporta como pessoa de bem".
Para Carlos do Paulo, a venda de património do BPP está a ser feita "de forma camuflada e sub-reptícia".
"Trata-se de um acto formal e, que até pode nem estar a pessoa que ganha o concurso e que fica a ser dono do edifício. Agora é feito leilão do imóvel por Internet e as pessoas não sabem sequer quem comprou. Sé o chefe das finanças fica a saber", afirmou.
A falta de liquidez do BPP motivou a intervenção do banco de Portugal no final de 2008, tendo o supervisor bancário nomeado uma equipa de gestores liderada por Fernando Adão da Fonseca, que encerrou o seu ciclo na administração do banco em meados de Abril, quando a entidade agora liderada por Carlos Costa retirou a licença bancária da instituição.
Na altura foi nomeada pelo Banco de Portugal a comissão liquidatária do banco, presidida por Luís Máximo dos Santos, que definiu a lista de credores reconhecidos.