"Portugal não teve neste caso competência, capacidade, ao nível do Laboratório de Polícia Científica, para proceder à análise química dos alegados explosivos encontrados em Óbidos e quem o fez foram as autoridades espanholas", afirmou o advogado José Galamba, no final da terceira sessão do julgamento de Andoni Fernandez, alegado membro da ETA..Após a sessão em que foram apresentados pela Polícia Judiciária (PJ) e pela Força Aérea Portuguesa dois relatórios sobre equipamentos electrónicos e tubos metálicos contendo explosivos, encontrados na vivenda, Galamba criticou o facto de "os relatórios serem assinados [concluídos] quase um ano depois de descobertos"..Para o advogado, "é estranho" que "num Estado de Direito, com um orçamento da Justiça para tantas coisas", o Laboratório de Polícia Científica da PJ "não tenha capacidade técnica para proceder à análise química" dos alegados explosivos e que "encarregue disso as autoridades espanholas, que têm um conflito, como é sabido, com aqueles que lutam pela independência do País Basco"..José Galamba falava aos jornalistas no final da sessão que culminou com um requerimento do Ministério Público (MP) para que fossem ouvidos dois inspectores da Polícia Judiciária (PJ).."A defesa rejubila [com a decisão do MP]", disse ao tribunal José Galamba, sublinhando a importância dos dois investigadores no processo e apelando para que o tribunal aceite ouvir os militares da GNR que estiveram na casa de Óbidos a 4 de Fevereiro de 2010, quando foram descobertos 1.500 quilos de explosivos.."A defesa procurará que se saiba com exactidão quem esteve na casa durante a tarde e noite de 4 para 5 de Fevereiro de 2010", explicou José Galamba, sustentando que, "dependendo das pessoas que lá estiveram e em que funções, habilitadas ou não com os meios necessários para a validade da produção da prova", tal terá "repercussões no objeto do processo"..O julgamento, em que faltam ouvir quatro das 36 testemunhas arroladas pelo MP e, se os requerimentos da defesa forem deferidos, mais cinco militares da GNR, prossegue na terça-feira no Tribunal de Caldas da Rainha..Andoni Zengotitabengoa Fernandez começou a ser julgado a 13 de Setembro, acusado pelo MP de dois crimes de furto qualificado, nove crimes de falsificação e um crime de detenção de arma proibida, todos com vista à prática de terrorismo, e ainda um crime de resistência e coacção sobre funcionário, praticados, segundo a acusação, "enquanto membro da ETA"..O alegado militante da ETA - uma organização considerada terrorista pelas autoridades espanholas e que defende a independência do País Basco - encontra-se detido preventivamente no Estabelecimento Prisional de Monsanto, considerado de alta segurança.