Advogado chama mentirosos a testemunhas da GNR e PJ
"As testemunhas da GNR algumas são mentirosas (...) e o mesmo se passa com o Judiciária", afirmou José Galamda, advogado de Andoni Zengotitabengoa Fernandez, alegado etarra que habitou uma vivenda, em Óbidos, onde foram descobertos 1500 quilos de explosivos.
Carlos Codinha, comandante da GNR de Óbidos que comandava a operação stop em que Oier Mielgo [o outro habitante da casa] e Andoni Zengotitabengoa recusaram parar, a 4 de Fevereiro, foi o primeiro a ser acusado de "mentiroso" por, segundo o advogado, ter dito ao tribunal que "mandou parar a Berlingo porque não tinha matrícula na frente".
Esta foi "a maior mentira que Codinha podia ter dito ao tribunal" já que, recordou o advogado, a matrícula veio a ser encontrada, dias depois, no terreno onde foi abandonada a viatura.
José Galamba atribuiu ainda a Codinha "mentiras" sobre a hora a que foi reportada superiormente a descoberta da casa e sobre o facto de "a casa ter sido inspeccionada por vários elementos da GNR e da PJ" antes de ter sido entregue o respectivo mandado.
"Mente o Codinha e mente a PJ, que consegue ver através das paredes" acusou, sustentando que a descrição de bidons com explosivos, sacos de adubo e frascos de pó de alumínio que constam do auto de notícia (anterior ao mandado), só seria possível após a entrada dos inspectores na vivenda.
"Veio o estado maior todo da Judiciária e, depois de a GNR ter estado lá dentro, a PJ diz que só esteve no exterior", afirmou Galamba, ironizando: "e todos os inspectores querem fazer crer à defesa que estiveram a vislumbrar o firmamento e a trocar impressões sobre a ursa menor", até estarem munidos de mandado de busca.
O advogado questiona mesmo se "a GNR e a PJ não terão tido a ajuda da Polícia espanhola" nas buscas à casa e se "poderão ou não estas forças estrangeiras ter posto lá alguma coisa".
Porém, tratando-se de suspeitas que admite não poder provar, Galamba virou as baterias para os investigadores que não convenceram a defesa de que não foram feitas buscas ilegais, o que, a provar-se, pode invalidar provas e fazer cair parte da acusação.
"São nulos os actos com invasão de propriedade sem mandado", reforça o advogado que, durante o julgamento desafiou os inspectores a "mandarem extrair certidão do processo" e processaram-no por lhe chamar "mentirosos".
Andoni Zengotitabengoa Fernandez é acusado pelo (MP) de dois crimes de furto qualificado, nove crimes de falsificação e um crime de detenção de arma proibida, todos com vista à prática de terrorismo, e ainda um crime de resistência e coação sobre funcionário, praticados, segundo a acusação, "enquanto membro da ETA".
O julgamento decorre em Caldas da Rainha e a leitura do acórdão esta marcada para 12 de Dezembro.