Um adesivo para pele experimental tem-se revelado promissor para tratar bebés altamente alérgicos a amendoim, treinando os seus corpos para lidar com um consumo acidental, de acordo com um estudo realizado nos Estados Unidos..A alergia ao amendoim é uma das alergias alimentares mais comuns e perigosas, sendo que os pais de crianças alérgicas estão constantemente em sobreaviso contra exposições que possam transformar festas de aniversário ou brincadeiras em idas às urgências, noticiou a agência Associated Press (AP)..Sem cura, o único tratamento é para crianças de 4 anos ou mais, que podem consumir um pó de amendoim especial para proteger contra uma reação grave..O adesivo em estudo, chamado Viaskin, visa fornecer esse tipo de tratamento através da pele para menores de quatro anos..Um grande teste com crianças de 1 a 3 anos, ajudou aqueles que não toleravam nem mesmo uma pequena fração de amendoim a comer alguns pedaços com segurança, relataram esta quarta-feira investigadores..Se foram realizados testes adicionais, estes adesivos podem "preencher uma enorme necessidade não correspondida", realçou Matthew Greenhawt, médico especializado em alergias do Children's Hospital Colorado, que ajudou a liderar o estudo..Cerca de 2% das crianças norte-americanas são alérgicas a amendoim, algumas tão severamente que mesmo uma pequena quantidade pode causar uma reação com risco de vida..O seu sistema imunológico reage exageradamente a alimentos que contêm amendoim, desencadeando uma cascata inflamatória que causa urticária, respiração ofegante ou pior..Alguns jovens superam a alergia, mas a maioria deve evitar o amendoim durante toda a vida e transportar medicamentos 'SOS' para evitar uma reação grave se ingerirem acidentalmente o alimento..Em 2020, a Agência dos Alimentos e dos Medicamentos norte-americana (FDA, na sigla em inglês) aprovou o primeiro tratamento para induzir tolerância ao amendoim -- uma "imunoterapia oral" chamada Palforzia que crianças dos 4 aos 17 anos consomem diariamente para manter a proteção..O Palforzia da Aimmune Therapeutics também está a ser testado em crianças entre os 1 e 2 anos..A francesa DBV Technologies, por sua vez, está à procura de uma imunoterapia baseada na pele, como uma forma alternativa de dessensibilizar o corpo aos alérgenos..O adesivo Viaskin é revestido com uma pequena quantidade de proteína de amendoim que é absorvida pela pele..Um adesivo diário é utilizado entre as omoplatas, onde os bebés não conseguem retirá-lo..No novo estudo, 362 crianças com alergia ao amendoim foram testadas primeiro para ver o quão alta dose de proteína de amendoim poderiam tolerar. Em seguida, foram designados aleatoriamente para usar o adesivo Viaskin ou um adesivo falso todos os dias..Após um ano de tratamento, as crianças foram testadas novamente e cerca de dois terços que usaram o adesivo real conseguiram ingerir com segurança mais amendoins, o equivalente a três a quatro, face a um terço em comparação com os que receberam adesivos falsos, concluíram os investigadores..Quanto à segurança, quatro recetores de Viaskin sofreram uma reação alérgica chamada anafilaxia que foi considerada relacionada com o adesivo. Três foram tratados com epinefrina para acalmar a reação e um desistiu do estudo..Alguns jovens também comeram acidentalmente alimentos contendo amendoim durante o estudo, e os investigadores referiram que as reações alérgicas eram menos frequentes entre os utilizadores do Viaskin do que entre os que usavam os adesivos falsos. O efeito colateral mais comum foi a irritação da pele no local do adesivo..Estes resultados foram publicados no New England Journal of Medicine..As conclusões "são notícias muito boas para crianças pequenas e as suas famílias como o próximo passo em direção a um futuro com mais tratamentos para alergias alimentares", destacou Alkis Togias, do National Institutes of Health, que não participou do estudo..A DBV Technologies lutou durante vários anos para introduzir o adesivo no mercado. No mês passado, a empresa anunciou que a FDA deseja alguns dados adicionais de segurança para bebés e um estudo separado já está a rastrear tratamentos mais longos..Um estudo para crianças entre os 4 e 7 anos também está em andamento.