Adele chegou e ganhou (quase) tudo o que tinha para ganhar
Há uma semana os Grammys acabaram por se tornar num palco político com a atuação de Kendrick Lamar e o discurso de Taylor Swift. Ontem, na entrega dos Brit Awards, os mais importantes prémios da indústria discográfica britânica, esse carácter político também esteve presente, ainda que bem mais comedido.
E foi Adele, a grande vencedora da noite, que faria o discurso mais interventivo, agradecendo à sua equipa de management por "a deixarem abraçar o facto de ser uma mulher", mas também mostrando publicamente o seu apoio a Kesha, cantora norte-americana que se encontra atualmente numa batalha judicial contra o produtor Dr. Luke, acusando-o de a ter abusado sexualmente e emocionalmente.
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Aquando desse discurso, Adele recebia o primeiro prémio da noite, para Melhor Artista Feminina Britânica, entregue por Liam Payne e Louis Tomlinson, dois membros dos One Direction, o único grupo a quem a cantora não conseguiu vencer numa categoria para a qual estava nomeada, tendo perdido para eles o prémio de Vídeo do Ano (que ganharam com Drag Me Down), o único que era decidido consoante o voto do público.
A cantora levou ainda para casa os prémios de Melhor Álbum Britânico (com 25), Melhor Single Britânico (com Hello) e Sucesso Global. Quando recebeu este último prémio, apresentado pelo astronauta Tim Peake em direto da sua estação espacial, Adele acabou por se emocionar, lembrando como teve dúvidas se algum dia voltaria à música antes de gravar o muito aclamado 25, disco com o qual encetará este ano uma esgotada digressão mundial que passará por duas noites pela Meo Arena, em Lisboa. E foi também ela que encerrou a cerimónia, com uma interpretação irrepreensível de When We Were Young, ultrapassando os problemas técnicos que teve aquando da atuação nos Grammys.
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Os restantes prémios acabaram por ser bastante repartidos pelos vários nomeados. Os Coldplay, que deram a primeira atuação da noite, receberam o prémio de Melhor Grupo Britânico (o nono Brit Award do seu percurso), o qual dedicaram aos músicos que se encontram atualmente nos muitos campos de refugiados.
Na mesma categoria, mas a nível internacional, triunfaram os australianos Tame Impala, grupo de quem Rihanna fez uma versão no seu último álbum, Anti (2016), lançado de surpresa há poucas semanas, sendo que a cantora marcou também presença na cerimónia, depois de ter cancelado à última da hora a atuação nos Grammys. Esta quarta-feira à noite, em Londres interpretado Confrontation (com a cantora SZA) e Work (com Drake).
James Bay venceu o troféu de Melhor Artista Masculino Britânico, enquanto Justin Bieber foi distinguido na categoria internacional. Bieber, que então já tinha cantado duas canções do seu último álbum, recebeu o prémio das mãos de Diplo (e restantes colegas dos Major Lazor), um dos produtores (a par de Skrillex) responsáveis pelos singles que em 2015 marcaram o regresso de Bieber à música: Where Are Ü Now e What Do You Mean.
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Björk foi a única vencedora da noite que não esteve presente na cerimónia, mas a islandesa acabou por vencer o prémio de Melhor Artista Feminina Internacional.
Os Brit Awards não esqueceram, obviamente, David Bowie, tendo sido homenageado com o prémio de Ícone Global. Depois da apresentação de Annie Lennox, que lembrou como "muitas pessoas devem sentir que nada será igual [após a morte de Bowie]", o ator Gary Oldman (que já tinha entrado no teledisco de The Next Day), recebeu o prémio em nome do músico e da sua família, revelando como ele "enfrentou a doença com muita coragem, dignidade, elegância e o seu habitual sentido de humor, mesmo em circunstâncias terríveis".
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A jovem neozelandesa Lorde apareceu depois vestida à imagem de The Thin White Duke (personagem de Bowie na era Station to Station) e ao lado dos músicos que durante anos acompanharam David Bowie recuperou Life On Mars (depois de se ter ouvido um medley que passou por Rebel Rebel, Fame, Let's Dance ou Under Pressure) num sentido tributo que recebeu uma ovação de pé.