"A crise é uma oportunidade para as pessoas serem criativas e moverem-se no sentido de fazerem o que realmente anseiam. O 'boom' de eventos gratuitos creio que evidencia um pouco essa tendência. Com ou sem crise há sempre uma tendência para as pessoas se quererem unir na cultura e no convívio", diz ao DN Rita Guerreiro, de 24 anos, natural de Cascais. .Estudante de Medicina Tradicional Chinesa, em Lisboa, conta que a ideia de criar uma página nesta rede social inteiramente dedica a eventos gratuitos lhe surgiu em 2010, após ter regressado da Bélgica, onde viveu um ano.. "Quando voltei para Lisboa vi como a cidade tinha crescido a nível turístico e cultural. Percebi que havia mais eventos gratuitos do que pensava. Um pouco por via da necessidade também procurava mais eventos de baixo custo ou gratuitos. Nessa busca rapidamente cheguei à conclusão de que a divulgação dos mesmos era muito fraca. A informação estava muito espalhada pela internet e por esse motivo desejei que estivesse divulgada num só espaço. Como tal não se acontecia decidi ser eu a pôr mãos à obra e a concretizar um desejo que certamente seria partilhado por mais pessoas. E não há melhor sítio para partilhar desejos e ideias do que o Facebook!", garante, situando entre os seus eventos gratuitos preferidos o Cineconchas ou o Fitas na Rua. .Agora, também muito pela via da necessidade, mais pessoas vão ter à página. "Na atual situação do país funciona um pouco como terapia a possibilidade de ter acesso a eventos, mesmo sem ter dinheiro, embora acredite que todos nós apreciamos a possibilidade de usufruir da cultura de forma gratuita", afirma ao DN Raquel Cordeiro, de 26 anos, uma lisboeta formada em Desporto, que trabalha como Managing Assistant numa empresa do ramo Audiovisual. ."Portugal tem um sem número de eventos culturais gratuitos, mas não chegam às pessoas, a informação perde-se. A página embora revele apenas os gratuitos tenta dar a conhecer o que se passa no país", acrescenta, explicando que o evento gratuito de que mais gostou nos últimos tempos foi o festival de peças de um minuto no Chapitô em Lisboa. .A página é atualizada numa base diária, garante, por seu lado, Joana Freitas, uma engenheira do ambiente, de 29 anos, também ela de Lisboa. "Usualmente quando existe informação sobre um evento cultural gratuito que irá decorrer no máximo dentro de três dias faz-se um 'post'. São essencialmente duas as nossas fontes de informação: comunicação impressa, leia-se agendas culturais da Câmara Municipal de Lisboa, Culturgest, Convida e FNAC por exemplo e; comunicação 'online', como os portais da Agenda Lx e Ípsilon ou o blogue Lisboa Livre", explica esta administradora da Agenda Cultural dos Tesos, que ao DN se confessa uma aficionada pelo Outjazz - numa referência ao evento de música que percorre os jardins, praças e miradouros de Lisboa e maio a setembro. .O 'feedback' que têm em relação à sua página de Facebook é bom, dizem as três amigas que este sábado aproveitaram o Dia Internacional dos Museus, gratuito, para tentar ir visitar alguns museus lisboetas. "O 'feedback' é bastante positivo, a prova disso é a página todos os dias crescer e ter mais amigos", diz Raquel numa altura em que a agenda já tem 26. 825 "gostos".Rita, a ideóloga, partilha da mesma leitura e tem opinião semelhante. "Temos tido um 'feedback' bastante positivo desde o início. A beleza da dinâmica do Facebook é que todos partilham informação complementado a que já temos". .E, conforme explicaram ontem na página da agenda dos tesos, dado o facto de terem vindo a receber cada vez mais informação sobre eventos culturais que, não sendo totalmente de custo zero, são de custo reduzido, decidiram criar uma página associada, também no Facebook, com o nome Tesos mas não Tanto (com o objetivo de divulgar eventos por todo o País até 5 euros). Em poucas horas já tinham 475 "gostos".