As discussões entre os EUA e Israel sobre o acordo nuclear com o Irão continuam, tornando-se mais agressivas de ambos os lados. Os EUA ainda esperam conseguir o acordo, mas estão a enviar algumas mensagens muito confusas a Teerão sobre o momento de lá chegar, quando as coisas parecerem positivas e depois afinal não. Por algum tempo, o acordo esteve iminente e depois tornou-se não tão iminente, como resultado das exigências iranianas, principalmente sobre as garantias de que o novo acordo não será abandonado depois de algum tempo, como o anterior, e o direito dos inspetores internacionais a verificarem quaisquer locais naquele país do Médio Oriente que eles considerem poder ser uma potencial central nuclear secreta..Israel, por seu lado, está quase todos os dias a tentar deixar claro que não faz parte do acordo, o que significa que pode agir por conta própria sempre que achar necessário, independentemente da política dos EUA sobre o assunto. Assim, a posição independente em relação à política dos EUA não é assim tão frequente e parece que a determinação não se vai alterar. O acordo é apelidado ineficaz, mas ao mesmo tempo eles não disseram que as coisas vão aquecer rapidamente com cada declaração dura vinda de Jerusalém sobre o tema..Portanto, temos uma posição de que o acordo não tem medidas fortes e descomprometidas caso o Irão não cumpra a sua obrigação no acordo, mas é óbvio que as medidas são agora criadas à margem dele. Neste caso, Israel não é assim tão contra a política dos EUA, mas está a tornar-se parte dela sem pôr a sua assinatura e sem a apoiar abertamente..O jogo da negociação continua, muitos elementos são incluídos e já não há mais espaço para mudanças importantes. O Irão terá de decidir o que fazer muito em breve, porque a continuação das sanções e o congelamento dos seus fundos no exterior estão decididamente a prejudicar a economia do país. Os EUA poderão afirmar claramente que estão dispostos a fazer muito pela paz no Médio Oriente, mas, ao mesmo tempo, manterão Israel por perto como uma ameaça não escrita às ambições iranianas de se tornar "a" potência nuclear..Uma coisa é muito clara: o Irão não obterá a bomba nuclear e o custo de o evitar não é uma questão de negociação. Os EUA não permitirão, porque mudaria o equilíbrio de poderes na região e Israel não está sozinho nessa afirmação de que está pronto para agir. Não há acordo que impeça a ação militar se o programa nuclear chegar perigosamente perto de produzir a bomba e se Teerão entender que, mais cedo ou mais tarde, o acordo será assinado. Esta é a realidade da situação atual e não vai mudar. E a realidade deve ser compreendida, não ignorada. A posição agressiva de Israel em relação ao Irão está-se a tornar uma vantagem para os EUA, como um exemplo claro do que acontecerá se o acordo não for assinado o mais rapidamente possível..Assim, quer haja acordo quer não, não haverá bomba.. Investigador do ISCTE-IUL e antigo embaixador da Sérvia em Portugal