A informação foi dada à Lusa pelo vice-presidente do Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Audiovisual e das Telecomunicações (SINTTAV), na sequência da reunião que teve com o secretário de Estado da Cultura (SEC)..Francisco José Viegas admitiu perante trabalhadores da Tobis que se o negócio da venda da empresa não ficasse concluído até à assembleia geral de acionistas de sexta-feira a empresa encerraria as portas..Aliás, o fecho da empresa está implícito na ordem de trabalhos da assembleia de sexta-feira, já que um dos pontos de trabalho da reunião é a eleição da comissão liquidatária, o que só acontece quando é decretado o encerramento de uma empresa..Na reunião de sexta-feira - caso a empresa seja vendida - há ainda que eleger um novo conselho de administração, já que o atual se encontra demissionário desde o início de outubro de 2011..Os problemas da Tobis arrastam-se há perto de dois anos e agravaram-se por a empresa não ter aderido ao digital..Os problemas na Tobis tornaram-se, contudo, públicos quando em julho de 2010 o diretor do Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA), José Pedro Ribeiro, anunciou no Parlamento que o Estado pretendia alienar o capital social que detinha na empresa..Chegou mesmo a abrir-se um concurso público para a venda da Tobis ao qual concorreu apenas a Filmeform, de António Cunha Telles, e que acabou rejeitada por, entre outras coisas, não apresentar qualquer injeção de capital na empresa, o que o Estado considerava imprescindível para cobrir o passivo da mesma..Em setembro de 2011, e porque já não viam uma solução para a empresa - depois de já terem tido vencimentos em atraso e verem a empresa ser visitada por um administrador judicial que fez um levantamento da maquinaria existente - os trabalhadores decidiram entregar uma carta em mãos aos primeiro-ministro, na qual pretendiam saber qual a situação da empresa..Desde essa altura a Tobis foi motivo de vários requerimentos ao governo apresentados pelo Bloco de Esquerda, PCP e Os Verdes e foi tema de reuniões na Comissão de Ciência, Educação e Cultura sem qualquer resultado tenha daí decorrido..Antes do final de outubro, uma delegação de trabalhadores da Tobis e o delegado sindical reuniu-se com o SEC tendo este informado que tinha assumido o dossiê de venda da Tobis..Em finais de outubro de 2011, e sem quaisquer informações sobre o futuro da empresa, os trabalhadores começaram a concentrar-se em frente à sede da Tobis, alertando para a necessidade de eleger uma nova administração e pelos salários em atraso..Na altura, Francisco José Viegas disse aos trabalhadores da mais antiga produtora cinematográfica portuguesa que havia um potencial interessado na compra da empresa, mas não lhes revelou a identidade..Em meados de novembro uma nova assembleia-geral de acionistas foi adiada para haver mais tempo para negociar a venda da empresa. No entanto, em dezembro, e depois de terem estado concentrados frente à SEC e da residência oficial do primeiro-ministro, os trabalhadores da Tobis voltaram a ser recebidos por Francisco José Viegas..O secretário de Estado informou-os então de que a venda da empresa tinha sofrido um revés, admitindo que caso esta não viesse a concretizar-se, a Tobis teria que ser encerrada uma vez que o passivo ronda os oito milhões de euros..Na altura, os 53 trabalhadores estavam com o salário de novembro e o subsídio de Natal em atraso, verbas que, juntamente com o salário de dezembro, perfaziam um total de perto de 320 mil euros e que só foram liquidadas aos trabalhadores no início desta semana..Com perto de 80 anos, 96,4 por cento do capital do Estado e 53 trabalhadores, a Tobis é a mais antiga produtora cinematográfica portuguesa embora nos últimos anos se tenha dedicado mais à pós-produção..A assembleia-geral realiza-se na sexta-feira às 11:00 nas instalações da Tobis, em Lisboa.