Acidente intencional pode atirar Renault para fora da F1
Perante o possível escândalo, a equipa poderá seguir o caminho de Honda e BMW, que desistiram de investir na categoria máxima do automobilismo, adianta hoje o jornal britânico “The Guardian”. Até o momento, a Renault não tomou qualquer posição sobre o assunto.
A denúncia ganhou proporções mundiais no último domingo, quando surgiu na imprensa que a batida de Nelsinho Piquet em Singapura poderia ter sido ordenada por Flavio Briatore, patrão da escuderia francesa.
No fundo, o escândalo seria mais um pretexto para a Renault deixar a Fórmula 1. Além de não estar muito motivada com os resultados desta temporada - a melhor posição foi um quinto lugar no GP da Espanha -, a empresa poderá ainda perder Fernando Alonso, a sua principal estrela, para a Ferrari, já no GP de Monza.
O “The Guardian” recorda que em 2008 a Renault já foi protagonista de boatos sobre um possível abandono das competições antes do GP de Singapura, quando o desempenho da escuderia era igualmente mau. A vitória de Alonso na primeira prova nocturna da Fórmula 1, no entanto, teria atenuado a visão pessimista da equipa.
Na ocasião, o piloto espanhol, o único que tinha optado por uma estratégia de três paragens para reabastecimento e que tinha largado na 15.ª posição, estava nas boxes quando Nelsinho Piquet bateu sozinho. A entrada imediata do “safety car” colocou a Renault na liderança da prova, e o trajecto apertado do circuito de rua de Singapura permitiu a primeira vitória de Alonso na temporada.
Se a estratégia ilícita de Flavio Briatore for confirmada não será a primeira irregularidade do italiano na Fórmula 1. Na primeira metade da década de 1990, quando comandava a Benneton, o dirigente chegou a tirar os filtros dos tanques de reabastecimento de combustível para acelerar o processo, mas que se tornava mais perigoso.
Investigação da FIA
A Federação Internacional do Automóvel (FIA) já está a investigar as alegações. Bernie Ecclestone, patrão dos direitos comerciais da modalidade, considera que este caso “não era algo que a Fórmula 1 necessitasse” nesta altura. “Obviamente há o risco de eles abandonarem. Eu espero que não seja algo desse género, mas é o tipo de coisa que pode acontecer”, afirmou Ecclestone ao ‘The Times’. “O que eu sei e que posso dizer, para ser honesto, é que o Flavio insiste que não sabe nada sobre o caso. Penso que a FIA está a investigar tudo. Estão a tentar descobrir a verdade. Suponho que ficarão aborrecidos se descobrirem que o que todos estão a assumir é afinal verdade.”
De acordo com o ‘patrão’ da modalidade, a FIA provavelmente irá analisar detalhadamente todos os dados técnicos da participação da equipa na corrida de Singapiura, inclusive todas as suas comunicações, inclusive com os pilotos em pista. As suspeitas incidem sobre a possibilidade de os responsáveis da Renault terem tentado manipular a corrida, dando ordens a um piloto para seguir uma trajectória perigosa, que colocou a não só a sua integridade física em risco como também a dos comissários de pista e até dos espectadores.
Mesmo assim, Ecclestone disse ao ‘The Times’ que será muito difícil provar estas alegações sem provas independentes. “Se for só o jovem Pequit a dizer isto porque ele quer dizer, isso é uma coisa. Por outro lado, se houver algum facto real, será outro cenário. Será difícil de provar. Se houver algo nos registos de rádio que diga ‘Ei Nelson, é melhor bateres agora’, então que pode a Renault fazer? Este caso depende apenas do que for descoberto na investigação”, defende o ‘patrão’ da F1.