Acessibilidade, ou um guia para organizações mais inclusivas
Cerca de 15% da população mundial - mais de mil milhões de pessoas - são pessoas com deficiência, das quais 2% a 4% experiencia dificuldades significativas em ser funcional. Muitas destas pessoas requerem tecnologias de assistência, como dispositivos para imparidades visuais, cadeiras de rodas ou aparelhos auditivos. Estima-se que este número duplique para dois mil milhões até 2050. Em Portugal, em 2021, a taxa de desemprego de pessoas com deficiência era 3,5 vezes superior à média nacional e a principal fonte de rendimento (65,7%) das pessoas com deficiência eram prestações sociais, segundo dados do IEFP.
A pandemia global, o seu impacto na saúde mental e os efeitos prolongados da Covid-19, fizeram aumentar, de forma direta ou indirecta, a nossa compreensão em relação à deficiência (que pode ser temporária, circunstancial ou permanente) e isso refletiu-se num aumento do número de pessoas que se identificam desta forma - na Microsoft, representou uma subida de um ponto percentual em apenas um ano (7,1%, só nos EUA).
Estes não são números ou características sobre alguns de nós, estes números refletem a diversidade do todo de nós. Por isso, nunca foi mais importante garantir que as organizações, como as sociedades, refletem a realidade toda do seu universo.
Em Portugal, na Microsoft, assumimos um compromisso claro: o de incluir na nossa força de trabalho, até 2023, 2% de pessoas com deficiência. Só dessa forma podemos aspirar a viver em pleno a nossa missão de capacitar todas as pessoas e organizações para atingir todo o seu potencial. Precisamos de um tecido empresarial e de uma economia voltadas para a integração e temos na tecnologia a melhor ferramenta para ser bem sucedidos. Vamos, por isso, a um guia rápido?
1. A acessibilidade começa na cultura do espaço de trabalho - Não basta projetar produtos, serviços e ambientes pensados para a acessibilidade, é preciso incluí-la no tecido da organização. Isto faz-se garantindo representatividade, como empregar pessoas com deficiência, criar marketing inclusivo ou premiar as práticas inclusivas.
2. Gerir a acessibilidade como um negócio - É necessário tratar a acessibilidade como tratamos todas as outras unidades de negócio da empresa. Medir progressos e definir objetivos, estudar melhores práticas e criar um modelo interno personalizado a partir de outros mais maduros.
3. Acessibilidade é responsabilidade - Só uma em cada 10 pessoas com deficiência tem acesso à tecnologia que precisam. Isto significa que estão, por isso, excluídas de participar em pleno nas sociedades e economias em que estão inseridos.
4. Acessibilidade é oportunidade - Organizações inclusivas que abraçam as melhores práticas laborais e suportam os seus colaboradores destacam-se dos pares, atraindo e retendo o melhor talento. Os Millenials já são mais de 75% da força de trabalho global e escolhem empregadores que refletem os seus valores.
5. Inteligência Articial amplifica a capacidade humana - A Inteligência Artifical pode desbloquear muitos dos grandes desafios que as pessoas com deficiência enfrentam. Voz-para-texto em tempo real, sistemas de reconhecimento visual, entre outros são apenas alguns caminhos que podem ajudar a mudar a forma como trabalhamos, aprendemos e vivemos.
É crítico, em particular em tempos de emergência social, ser inclusivo à inclusão e injetar princípios de acessibilidade no tecido genético das nossas organizações. E embora desafiante em muitas aspectos, neste tempo que vivemos, é, provavelmente, mais fácil que nunca ser afoito na integração. Os avanços tecnológicos e o contexto híbrido permitem-nos potenciar a produtividade dos nossos ativos no trabalho, na escola e na sua vida diária.
As inovações concebidas por e com pessoas com diversidade funcional levarão a experiências mais significativas para todos, representativas de todos. No mês que assinala o Disability Awareness Month e o Dia da Pessoa com Deficiência (3 de dezembro), importa lembrar ainda a disrupção nasce quando aliamos a tecnologia de que dispomos, à vontade de mudar. Façamos disso uma das nossas resoluções de ano novo.
Diretora-geral da Microsoft Portugal