Acampamento de Madrid será levantado progressivamente

Os organizadores da 'acampada' de protesto instalada há 16 dias na Puerta del Sol (Madrid, Espanha) defendem uma progressiva redução do acampamento até que desapareça completamente para ser transformado num centro de informação permanente.
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Esse é o núcleo essencial da plataforma que saiu de um acordo conseguido hoje pelas várias comissões de trabalho do acampamento, que reconhecem haver dificuldades em manter as actuais estruturas com a sua dimensão.

Até que o centro de informação permanente esteja instalado, o acampamento será dividido, com "a infraestrutura" no centro da Puerta del Sol e o resto da praça a servir para o acampamento, com tendas temporárias.

Essa proposta considera que é vital "mudar o formato actual da acampada por outro que solucione os problemas actuais" e define o "planeamento de uma estrutura permanente de informação no Sol".

Os responsáveis do acampamento pedem que se decida "com a cabeça e com o coração", sendo essencial responder aos problemas e desafios que se vivem actualmente.

Intervindo na assembleia, um porta-voz da comissão de assuntos legais - responsável pelo diálogo com a polícia e as autoridades civis - informou que "as autoridades consideram positiva todo o sinal de redução do acampamento" e "não toleram que aumente".

Anunciou ainda que "as autoridades estão dispostas a estudar a existência de um ponto de informação permanente".

Na assembleia foi ainda anunciado que no sábado, na Puerta del Sol, haverá um "encontro estatal" com representantes de todos os acampamentos que existem em Espanha.

No debate de hoje, a assembleia voltou a ouvir detalhes dos problemas com que se depara o acampamento, com a comissão de limpeza, por exemplo, a confirmar que "se vive uma situação de insalubridade", causa das poucas infraestruturas básicas que existem.

Já a comissão da saúde considera que estão sem capacidade para responder aos crescentes pedidos de assistência sanitária, tendo até havido "roubo de medicamentos" que foram doados à 'acampada'.

Entre os muitos que falaram, um dos mais aplaudidos foi um homem que defendeu que é essencial reestruturar a presença no Sol já que "o acampamento é um lastro para o movimento", pelo peso que está a assumir e porque "impede o debate sobre outras questões".

Um opinião que se evidencia nas próprias assembleias onde o debate nos últimos dias tem estado limitado apenas ao tema do que fazer com o acampamento, ficando de fora as reivindicações políticas e económicas que estão na base do próprio movimento.

Os organizadores reconhecem que, além do cansaço de manter o acampamento, se vive com o risco de desvirtuar os objectivos iniciais.

"Temos que ouvir os que estão aqui a sofrer e a viver os problemas e que consideram que isto é já inviável. O acampamento está a sugar-nos a energia", comentou um dos intervenientes.

"Isto é insustentável. O movimento não pode ser responsabilizado por algo que aconteça a alguém aqui no acampamento", sublinhou outro.

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