Acabou o ciclo, fica Sócrates
A sondagem da Marktest divulgada ontem tem o mérito de ser a primeira a confirmar o que já se sabia: a inevitável inversão de tendência de voto dos portugueses. Uma mudança cíclica, acelerada sempre que a situação económica do País se agrava. Mais do que demérito de José Sócrates ou mérito de Pedro Passos Coelho, os resultados de quase maioria absoluta para o PSD são consequência desta lógica. Porque o primeiro-ministro - mal ou bem - continua fiel aos seus grandes princípios de sempre, apesar de todos os ziguezagues feitos devido à conjuntura internacional. E porque o actual líder do PSD, embora consistente na forma como tem conseguido desgastar o Governo ao mesmo tempo que lhe viabiliza o plano de austeridade e afasta o cenário de eleições, ainda mal teve tempo para apresentar propostas alternativas concretas.
Surpreende que José Sócrates tenha resistido tanto, e a tanta coisa. Este ciclo terminou, mas Sócrates não está derrotado. Terá, porém, de mudar muito para reconquistar os portugueses e precisará, acima de tudo, da ajuda da recuperação económica. Sem esta, nada feito. E mesmo com ela, parece hoje impossível que Sócrates volte a ganhar eleições. Mas nas últimas também chegou parece-lo e ele ganhou-as.
Passos Coelho e a sua equipa não devem, por isso, subestimar o adversário. Como se viu com Ferreira Leite, críticas e insinuações não chegam para convencer os portugueses a abdicar de Sócrates, em quem valorizam a ambição, a garra e a forma como exalta um Portugal moderno, optimista. Para consolidar esta vantagem - e quem sabe até consumar uma eventual maioria absoluta -, Passos Coelho tem de fazer mais do que ficar a ver a crise económica esmagar Sócrates. Não deve ter pudor de dar continuidade ao que está bem feito e de assumir, sem rodeios, aquilo que quer fazer diferente.
Porque o provável é a retoma económica chegar tarde de mais para salvar o PS. Mas Sócrates é um lutador nato. Se, porventura, as boas novas económicas chegarem antes, tudo fará para as capitalizar a seu favor, como fez no passado - com os resultados que se conhecem.
"A grande novidades para esta semana é que o estágio vai começar", Carlos Queiroz, a seguir ao empate com Cabo Verde
A frase do seleccionador é desconcertante. Significa então que até ao jogo com os cabo-verdianos a Federação esteve a desperdiçar dinheiro? Significa que os jogadores que estão desde início são só para fazer número? O pior é que, se Queiroz se sente à vontade para dizer isto aos portugueses, imagine-se o que dirá aos jogadores!
"Não subestimem a PT (...). Temos todas as condições para estar à altura do desafio", Zeinal Bava, reagindo à OPA da Telefónica
A firmeza com que o presidente da PT reagiu ao ataque da Telefónica foi irrepreensível. Pode ter-se interesses individuais no negócios e opiniões distintas sobre a golden share, mas ter-se-á de reconhecer que Zeinal Bava mostrou, mais uma vez, porque é reconhecido, em Portugal e no estrangeiro, como um dos melhores gestores portugueses.
"Temos uma dificuldades em ver como é que um veto político vinha prejudicar a crise económica. A mim não me convenceu", D, José Policarpo, sobre Cavaco Silva
O Presidente da República caiu na tentação de piscar o olho ao eleitorado de esquerda e deixou desolados os que, mais à direita, estavam consigo. O caso é grave, ou não teria o cardeal-patriarca feito uma crítica tão directa e severa. Santana Lopes, ao seu jeito, aproveitou e já está até a testar publicamente a hipótese de outro candidato à direita.