A terceira edição do Portugal Mobi Summit arrancou esta quinta-feira de manhã com os discursos de abertura marcados pela necessidade de um futuro sustentável e simultaneamente pelas dúvidas e mudanças de comportamento ditadas pela pandemia. O concelho de Cascais, que volta a ser o anfitrião da iniciativa, apresenta-se como inovador no que respeita à questão da mobilidade, com a rede de transportes públicos completamente gratuita.."Acreditamos que vamos antecipar a meta de 2050", afirmou Miguel Pinto Luz, vice-presidente da Câmara Municipal de Cascais, referindo-se ao objetivo de atingir nesse ano a neutralidade carbónica. O autarca lembrou que muitos consideraram loucura dar esse passo mas realçou que se tratou de uma medida ponderada que é paga através das receitas de parqueamento e com impostos que entram para o orçamento municipal, como o imposto único de circulação..Amazonamazonhttps://d16c36ny9472c2.cloudfront.net/2020/10/intervencao_miguel_pinto_lu_20201008101612/hls/video.m3u8."Não o fazemos só por combate às alterações climáticas mas porque se não o fizermos ficaremos para trás. Queremos liderar esse processo. Quem não o fizer ficará para trás", alertou Miguel Pinto Luz, defendendo a necessidade de "não diabolizar o lucro e a iniciativa privada", "de pôr o desenvolvimento do país à frente de outros interesses"..Para Miguel Stilwell d'Andrade, CEO interino e CFO da EDP, "avizinha-se uma década decisiva relativamente à ação climática", uma vez que o que se fará na próxima década será fundamental para conseguir cumprir os objetivos estabelecidos pela Comissão Europeia, quer ao nível da neutralização carbónica quer ao nível das energias renováveis. O responsável deste parceiro da Portugal Mobi Summit lembrou que a EDP tem mais de 20 mil milhões de euros investidos em renováveis nos últimos anos. Mas salientou que a eletrificação dos transportes é fundamental para concretizar a descarbonização, concluindo que Portugal precisará de 20 mil pontos de carregamento nos próximos cinco anos, uma vez que "na Europa já foram vendidos dois milhões de veículos elétricos e haverá 10 milhões na estrada até ao final deste ano"..Finalmente, Miguel Stilwell d'Andrade alertou que "é importante que haja infraestrutura adequada para acompanhar a evolução rápida destes mercados"..A Volkswagen, uma vez mais presente no Portugal Mobi Summit, é, segundo Licínio Almeida, General Manager da marca em Portugal, "o grupo que mais investe na mobilidade sustentável". O responsável lembrou as palavras do presidente do grupo de que até 2028 há o plano para investir 30 mil milhões de euros em soluções de mobilidade elétrica..Até 2025, o grupo pretende vender dois milhões de viaturas completamente elétricas; até 2030 quer que 40% das vendas seja de viaturas completamente elétricas; e até 2040 planeia abandonar a comercialização de viaturas com motor a combustão..Para Licínio Almeida, este processo já estava em andamento, mas a pandemia veio acelerá-lo. "O mundo está a mudar, a indústria, a economia e os consumidores. Tem tudo de acontecer rapidamente de forma mais simples", disse, lembrando ainda que a marca está a lançar uma viatura concebida para ser 100% elétrica, a qual "quer democratizar a acessibilidade do cidadão comum à mobilidade elétrica". E concluiu que o automóvel continua a ser peça fundamental para a liberdade individual de cada cidadão para se deslocar..E foi essa a conclusão a que a Brisa chegou em tempos de pandemia, tendo-se verificado um aumento da mobilidade individual ou familiar. O custo deixou de ser critério fundamental na hora de escolher um meio de transporte e a segurança passou a ser o mais importante. "A pandemia teve um forte impacto nos vários sectores da economia e veio trazer novas incertezas. O sector da mobilidade não foi exceção", começou Vasco de Mello, chairman e CEO da Brisa. "A mobilidade urbana foi especialmente afetada", com os operadores a tentar garantir a segurança sanitária dos equipamentos e os consumidores a procurar soluções adatpáveis às novas necessidades de segurança, explicou considerando este momento como "de enorme incerteza e grande expectativa num contexto de transformação sem precedentes". "Temos os próximos 10 anos para desenharmos com clareza a mobilidade sustentável", defendeu..Para Vasco de Mello, a descarbonização e digitalização da mobilidade são as apostas que a pandemia só veio acelerar. "A 'mobility as a service' poderá ser agora mais fácil de implementar", disse, considerando prematuro avaliar o impacto do teletrabalho na mobilidade, mas antecipando o surgimento de maior variedade de padrões de mobilidade em correlação com os estilos de vida que vão nascer. Certo é que "as autoestradas do futuro terão de ser eficientes, inteligentes, limpas e humanas"..Domingos de Andrade, administrador da Global Media Group e diretor do Jornal de Notícias, começou por resumir 2020 como um ano de desafios e batalhas, pessoais e dramáticas, devido à covid-19, e considerou que o confinamento nos fez ver outras formas de trabalhar, vencer distâncias e saudades e mostrou céus mais claros, com ar mais respirável e cidades aptas para caminhar e passear..Amazonamazonhttps://d16c36ny9472c2.cloudfront.net/2020/10/intervencao_domingues_de_andrad_20201008100324/hls/video.m3u8.Lembrando a história do grupo de comunicação social, detentor de marcas centenárias, salientou que este também vive "dias de transformação, de mobilidade, de rejuvenescimento projetados pelo novo acionista, o Grupo Bel, que tem a sustentabilidade como a sua matriz".