A "última marcha" dos guerrilheiros das FARC
O Presidente colombiano, Juan Manuel Santos, assegurou na quarta-feira que 4670 guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) já estão nas zonas transitórias de normalização onde passarão os próximos seis meses até entregarem armas e desmobilizarem.
"São 4670 os membros das FARC que já estão nos centros, faltam 1450", disse o chefe de Estado durante a inauguração do Centro de Eventos Expofuturo de Pereira.
O Governo colombiano e as FARC assinaram no passado dia 24 de novembro em Bogotá um acordo de paz que pôs fim a mais de meio século de conflito. O Congresso já aprovou várias leis que permitem começar a implementar o acordo revisto - o original foi recusado pelos colombianos num referendo, menos de uma semana antes de Santos ser galardoado com o Prémio Nobel da Paz.
Fruto desse acordo, mais de 6300 guerrilheiros das FARC vão chegar ao longo desta semana às zonas transitórias como passo prévio para a desmobilização, naquela que é conhecida como a "última marcha" da guerrilha.
Apesar de se manifestar otimista com os desenvolvimentos conseguidos após o acordo de paz, Santos alertou para os desafios do pós-conflito e da implementação do acordado.
"Temos um desafio enorme na implementação dos acordos, que vai ser tão difícil quanto o próprio processo ", afirmou.
Na "última marcha", os guerrilheiros estão a deslocar-se de barco, autocarros e a pé através da selva e das montanhas para os 26 campos de desmobilização, acompanhados por oficiais das Nações Unidas (que serão responsáveis pela recolha das armas) e do governo.
A desmobilização marca o fim de mais de 52 anos de guerra. Fundada em 1964 para lutar pela reforma agrária e igualdade de rendimentos, a guerrilha das FARC chegou a estar presente em quase metade do território colombiano. A guerra fez mais de 220 mil mortos.