A solidão poética de uma mulher

A MULHER CANHOTA Peter Handke
Publicado a
Atualizado a

Associado à reposição de obras emblemáticas de Wim Wenders surge este maravilhoso A Mulher Canhota (1978), primeira longa-metragem do austríaco Peter Handke, que evidencia um autor capaz de passar das palavras às imagens com refinada sensibilidade dramática.

Adaptando o seu romance homónimo, Handke retrata o desejo de liberdade de uma mulher (Edith Clever), que, num impulso feminista, se separa abruptamente do marido (Bruno Ganz), dedicando os dias ao labor dessa pesada autonomia.

A solidão, descontinuada apenas pelas brincadeiras do filho, molda uma nova experiência da paisagem suburbana, que nos remete para Ozu - embora estejamos em França. Os recorrentes planos na estação de comboios, a vivacidade da infância e o minimalismo poético sublinham um gracioso tributo a esse cineasta cuja fotografia, na parede, vigia as inquietações humanas.

Classificação: **** muito bom

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt