A segunda vida de Del Potro com vista para a final do US Open

O argentino, que há uns anos esteve para colocar termo à carreira, eliminou Federer nos quartos-de-final do único torneio do Grand Slam que já venceu. Nadal é o senhor que se segue
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Juan Martin del Potro, 28 anos, está nas meias-finais do US Open depois de ter eliminado Roger Federer nos quartos-de-final. O triunfo do argentino, n.º 28 da hierarquia mundial, já garantiu que Rafael Nadal vai continuar como líder do ranking e será precisamente frente ao tenista espanhol que o argentino vai tentar garantir um lugar na final do único Grand Slam que venceu em toda a carreira - o US Open de 2009, curiosamente batendo Federer no jogo decisivo.

Esta é uma segunda vida do tenista argentino, que venceu duas edições consecutivas do Estoril Open (2011 e 2012) e que chegou a ponderar colocar termo à carreira devido a uma lesão grave no pulso esquerdo. "Pensei muitas vezes em retirar-me nos últimos dois anos e meio. No verão de 2015 estive muito perto de desistir, não tinha nada que me garantisse que iria conseguir voltar ao circuito. Estava totalmente frustrado, foi o momento mais difícil da minha carreira. Pensei também em estudar Arquitetura, mas sempre tive esperança", desabafou Del Potro numa entrevista à Tennis Magazine, em dezembro de 2016, confidenciando que foram a família e os amigos a convencê-lo de que "seria uma loucura acabar a carreira".

Juan Martin del Potro despachou Roger Federer em quatro sets - 7-5, 3-6, 7-6 e 6-4, em 2.52 horas) - numa partida, como lhe chamou o El País, entre Beethoven e Sex Pistols, numa referência à elegância do jogo do suíço, contrastando com o ténis mais selvagem do sul-americano. No final foi brindado com um grande aplauso das repletas bancadas do Arthur Ashe Stadium, e admitiu que, apesar do triunfo, não estava nas melhores condições. "Estou um pouco melhor [síndrome gripal], mas ainda me custa respirar. Tinha no caminho tenistas como Thiem, Federer e Nadal. Ultrapassei os primeiros dois duros e agora vou defrontar o Nadal. Preferia jogar com ele em melhores condições, mas não é o caso", revelou.

Rafael Nadal, líder do ranking mundial, superou o russo Andrey Rublev, 53.º da hierarquia, e procura o terceiro título no US Open, após as vitórias em 2010 e 2013. A outra meia-final será jogada entre o espanhol Pablo Carreno-Busta, 19.º ATP, e o sul-africano Kevin Anderson, 32.º, jogadores que nunca chegaram a uma final de um Grand Slam.

Em nome da irmã

Em cada vitória importante, o ritual é sempre o mesmo. Del Potro ergue as mãos e durante uns segundos olha para o céu. Trata-se de uma dedicatória à irmã Guadalupe, que morreu quando o argentino tinha 2 anos, num acidente de viação.

Del Potro raramente fala no assunto, mas abriu uma exceção precisamente quando venceu o US Open em 2009. "Dedico as vitórias aos mesmos de sempre, aos que estiveram comigo desde o meu primeiro torneio future. Aos meus amigos, à minha família, e em especial à minha irmã que está no céu. Todos os meus jogos são para ela. Sei que cuida de mim, guia-me e dá--me forças", confidenciou.

A grande ligação à família ficou bem expressa no Estoril Open deste ano, quando abandonou precocemente o torneio português para estar presente no funeral do avô, a quem dedicou uma emotiva mensagem através das redes sociais.

Filho de uma professora de literatura e de um jogador de râguebi/veterinário, Del Potro pegou pela primeira vez numa raquete com 6 anos, aos 15 realizou o seu primeiro jogo como profissional, em 2008 entrou pela primeira vez no top 10 e em 2010 chegou à sua melhor classificação de sempre, ocupando o n.º 4 da hierarquia.

Neste ano ainda não venceu qualquer torneio, mas no final de 2016 fez história integrado na equipa argentina que ganhou pela primeira vez na sua história a Taça Davis, ao derrotar a Croácia por 3--2. Na madrugada desta sexta-feira, o jogador nascido em Tandil vai tentar chegar à final do US Open naquele que será o 14.º duelo travado com Nadal - venceu cinco, perdeu oito. E da última vez bateu o espanhol nos Jogos Olímpicos do Rio.

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