A saga de Tancos
O roubo de armamento da base militar de Tancos parece não ter atingido ainda o ponto fulcral de ajuizamento que merece, continuando a apreciação a ser feita nas suas vertentes marginais que sendo assaz relevantes, tem olvidado ou secundarizado o fulcro da questão onde as Forças Armadas jogam o seu prestígio.
Ninguém acredita que a saga de Tancos se esgote na chamada rivalidade entre a PJ e a PJM, ou que a honra das Forças Armadas se confine na disputa para a primazia na descoberta do armamento escondido ou que toda a problemática esteja limitada a uma articulação entre a PJM e a PJ. O fundo, o verdadeiro fundo está por descobrir e este é o de saber e definir PORQUE e o QUEM está por de trás deste desvio (sic. roubo) com todas as demais implicações que uma tal interrogativa envolve.
Não se olvide que, se o plano de ocultação da apreensão, ao que parece engendrado pela PJM, vingasse o happening ficaria reduzido às dimensões da caixinha que em conferência de imprensa do CEME foi apresentada, ficando tudo em águas de bacalhau, escamoteando-se o facto criminoso de roubo de armamento (os autores, cúmplices, encobridores e as motivações subjacentes a este facto), ocorrido numa instalação militar, envolvendo militares.
Só após este apuramento exaustivo é que se partirá a louça que merece ser partida. Em sede de consequências imediatas no plano político-militar, sendo matéria que nos escapa, parte-se do princípio que, aparte a "consciência tranquila" com que frequentemente nos brindam, ainda se deve acreditar na dignidade institucional dos responsáveis.
Juiz conselheiro do STJ - Jubilado