A safra nacional

Parecem estimulantes as escolhas portuguesas desta edição. De Edgar Pêra a Salomé Lamas.
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Costuma-se dizer que programar filmes nacionais em festivais lisboetas é jogada fácil para conseguir casas cheias. No caso do DocLisboa, a competição nacional é também um pulsar de novas linguagens e gestos políticos. Nesse sentido, à partida, este ano a coisa não muda e são muitos os títulos que estimulam o cinéfilo, alguns deles com francas possibilidades de ter uma vida também nas salas comerciais.

Distopia, de Tiago Afonso, é dos mais esperados. O antigo diretor do DocLisboa estreia aqui mundialmente a sua nova longa-metragem, um olhar começado em 2007 e que vem até aos nossos dias sobre as transformações urbanas e humanas do tecido social do Porto. Um filme certamente ativista e que pode provocar um debate forte sobre as políticas autárquicas de uma cidade afetada por realojamentos.

Curiosidade forte também pela curta Meio Ano-Luz, o novo filme português do brasileiro Leonardo Moura Mateus, nome mais ligado à ficção. O filme passa na mesma sessão de Paz, de Marta Ramos e José Oliveira, olhar sobre uma reunião de veteranos da guerra colonial. Pode servir de complemento a Guerra, dos mesmos realizadores e onde se filmava José Lopes, ator marginal que acabou por morrer na miséria.

Nas curtas também todos os olhares vão dar a Salomé Lamas e o seu Hotel Royal, este já com circuito internacional. Tal como Ouistreham, longa de Emmanuel Carrére, exibida em Cannes e San Sebastián e Madrugada, de Leonor Noivo, outra obra a examinar a vida das camareiras de hotéis.

Na secção Da Terra à Lua, o festival aposta no português Diogo Varela Silva, que enquanto não mostra a sua longa-metragem com fado, tem este Do Bairro, uma visão de uma comunidade que é coração e alma de Alfama e da Mouraria. Um filme iluminado pelas cores do bairro mas também pela música que de lá sai. Depois de Zé Pedro Rock n" Roll, Diogo está cada vez mais perto do cinema não ficcional.

Boa notícia será sempre a exibição de um novo Edgar Pêra, neste caso Kinorama - Beyond the Walls of the Real, ainda a concretizar as reflexões de O Espectador Espantado...

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