A rainha do esqui quer competir com os homens
Para Lindsey Vonn sobram poucas barreiras intransponíveis no esqui alpino. Aos 32 anos, a norte-americana que rompeu as habituais fronteiras mediáticas da modalidade tem já o melhor currículo da história entre as mulheres que alguma vez se dedicaram a este desporto na neve. O desafio, para Vonn, é agora uma luta de género. Pelas 11 vitórias que lhe faltam para superar o recorde absoluto de triunfos em provas da Taça do Mundo de esqui, pertença do retirado sueco Ingemar Stenmark (com 86), mas, sobretudo, por aquela que é agora sua grande cruzada: competir contra o homens.
A norte-americana, que nasceu no Minnesota e que se mudou ainda adolescente para as montanhas de Vail, no Colorado, para se dedicar ao esqui, já há alguns anos que alimenta publicamente a ideia de competir contra os melhores atletas masculinos. Mas agora está mesmo decidida a avançar com a ideia e convenceu já a federação norte-americana a formalizar uma petição para entregar à federação internacional no sentido de viabilizar essa possibilidade.
Vonn, que regressou no último fim de semana às pistas após 332 dias afastada por lesão, assinando um 13.º lugar no downhill de Altenmarkt (Áustria), projeta prolongar a carreira por mais uma temporada para além dos Jogos Olímpicos de inverno de 2018 (Coreia do Sul), unicamente com esse objetivo. E tem até data, disciplina e local já escolhidos para essa "guerra dos sexos": em novembro de 2018, numa prova de downhill na sua pista fetiche de Lake Louis, no Canadá, onde obteve 18 das 76 vitórias em Taças do Mundo que constituem o melhor registo feminino da história.
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"Não vou ganhar-lhes a todos, isso é garantido. Mas penso que merecia pelo menos a oportunidade de tentar", comentou Lindsey Vonn ao jornal Denver Post. A esquiadora tem o apoio expresso da federação norte-americana, cujo presidente executivo, Tiger Shaw, disse adorar a ideia. "É fascinante o seu desejo de competir contra os homens. Penso que seria excelente para este desporto", comentou o dirigente ao mesmo jornal.
Mas antes de poder competir contra os homens nas pistas, Lindsey terá ainda de travar uma luta maior contra as resistências da Federação Internacional de Esqui (FIS). "Pode-se arranjar uma prova de exibição, mas não uma competição oficial. Não vejo qual o interesse, só porque uma esquiadora o quer", reagiu Atle Skardal, norueguês que dirige a competição feminina da Taça do Mundo. "É frustrante ouvir isso", lamenta a rainha do esqui, que promete não desistir de romper mais essa barreira.
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