Na Anadia, em plena região de vinhos da Bairrada com o pináculo do Palácio do Buçaco a espreitar ao longe, está situada a Quinta dos Abibes. Por lá, nos seus 12 hectares de terreno, somos recebidos pelo proprietário, e entusiasta do que nos mostra, Francisco Batel Marques. A quinta tornou-se dos Abibes em 2002 quando o professor de farmácia da Universidade de Coimbra, no último dia desse ano, realizou o seu sonho e adquiriu a então denominada Quinta da Murteira - onde a produção de vinho remonta, pelo menos, ao século XVIII, segundo uma pia de pedra calcária encontrada no local, durante obras recentes no terreno, onde consta uma inscrição datada de 1792..A história mais recente tem sido escrita pela vontade de Batel Marques em realizar um sonho: fazer os vinhos que gosta de beber. A sua ligação à agricultura e viticultura fez o resto..Contudo, quis dar um cunho pessoal ao local onde produz e mudou o nome da quinta para Abibes - uma ave migratória que escolhe a região da Bairrada com um dos seus destinos migratórios..Dos 12 hectares totais da quinta, 10 são dedicados à vinha e de lá têm saído vinhos tranquilos inspirados na região francesa da Borgonha e alguns espumantes. E os prémios têm chegado com frequência. A lista começa a ficar extensa e até à data contam-se 60 medalhas de ouro em concursos internacionais..O proprietário não disfarça o contentamento com a produção da sua quinta localizada no sopé da encosta a noroeste da Serra do Buçaco. "Sempre foi o objetivo criar vinhos de referência da Bairrada, mas ao mesmo tempo com o cunho de serem vinhos do mundo", explica..Na visita guiada, Batel Marques faz questão de mostrar a nova cave, prestes a ficar pronta, construída um metro abaixo do solo. São 250 metros quadrados pensados para estagiar espumantes à temperatura ideal de 14 a 15 graus. "O próximo engarrafamento já será aqui feito", explica, orgulhoso..O espaço vive uma espécie de alvoroço organizado, com a construção da cave e demais equipamentos, ao mesmo tempo que a produção continua. Produção essa que, apesar da maquinaria própria, teima em fazer na quinta vários dos processos, como a remouage e degórgement [processo onde o gargalo é congelado com tampa, a garrafa é depois aberta e os sedimentos são expelidos por pressão, para voltar a ser colocada uma rolha] dos espumantes..Para além da visita à quinta, houve outro propósito das portas abertas da Abibes: o novo lançamento do Sauvignon Blanc 2021..No fundo foi essa a principal razão da visita à Abibes. Batel Marques fez questão de juntar alguns jornalistas - poucos - à mesa para comungar a paixão pela sua quinta e por aquilo que vai produzindo. "É uma excelente opção para esta época do ano [leia-se dias mais quentes], em que as iguarias gastronómicas se tornam mais leves. Este Sauvignon é um exemplo de como uma casta universal origina vinhos distintos e gastronómicos na Bairrada"..O vinho é 100% casta Sauvignon Blanc (PVP de 13,5 euros) com desengace total e fermentado em cubas de inox com temperatura controlada, tendo estagiado durante seis meses em garrafa. O resultado é um vinho de cor cítrica bem definida e com um aroma típico a fruta intensa com notas tropicais e nota ligeira a espargo. "Este vinho é um excelente exemplo de como o Sauvignon Blanc, uma casta universal, na Bairrada origina vinhos distintos e gastronómicos", conclui Batel Marques..filipe.gil@dn.pt