Alexander Litvinenko foi envenenado com polónio, em 2006. Sergei Skripal (e a filha) com novichok, em 2018. Ambos eram ex-espiões russos. O primeiro pagou com a vida depois de se ter tornado numa voz crítica de Vladimir Putin e do "estado mafioso" russo; o segundo fora condenado em Moscovo pela "alta traição" de ter sido agente duplo..Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Praga, Zdenek Hrib, confirmou que está a receber proteção policial permanente de há semanas para cá na sequência de uma ameaça, mas nas declarações à rádio Ekho Moskvy não entrou em pormenores.."É muito importante para mim manter as minhas convicções, embora isso signifique um risco para a minha vida", disse Hrib. "A proteção policial foi-me simplesmente dada pela polícia checa. Por decisão deles, não me é possível comentar as razões", acrescentou..Além de Hrib, o edil do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar, também está na mesma situação..Kolar confirmou aos meios de comunicação social checos que também está sob proteção policial e em local secreto, embora se tenha recusado a revelar pormenores.."Não temo pela minha vida. Temo por esta república que, graças a um governo completamente incompetente, está a ser arrastada pela lama e está a permitir que um Estado estrangeiro faça o que quiser", disse Kolar à idnes.cz..Segundo a revista Respekt ambos são alvos dos serviços secretos russos. "Há três semanas, um homem com um passaporte diplomático russo chegou ao aeroporto Václav Havel vindo da Rússia. Um carro do corpo diplomático russo local estava à sua espera e levou-o à embaixada no bairro de Dejvice, em Praga", começa o texto.."Fontes da Respekt afirmam que o passageiro viajou com uma pasta na qual, supostamente, teria o veneno mortífero de ricina. As forças de segurança sabiam da chegada do viajante e avaliaram-no como um risco imediato para um par de políticos checos cujas ações nos últimos meses provocaram a ira de Moscovo", prossegue..Oficialmente não houve comentários das autoridades checos sobre a alegada conspiração para o envenenamento dos políticos..O porta-voz do presidente russo qualificou as acusações de "falsas". "Não sabemos absolutamente nada sobre esta investigação", disse Dmitri Peskov, "Não sabemos quem fez a investigação. Parece que é mais uma farsa", desvalorizou..O que levou à ira do Kremlin.Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro russo e opositor de Vladimir Putin, foi assassinado perto do Kremlin no dia 27 de fevereiro de 2015. Cinco anos depois, a Câmara de Praga seguiu o exemplo de Washington, Kiev e Vilnius e deu um novo nome à praça onde se situa a embaixada da Rússia..Na ocasião, a filha de Nemtsov, a jornalista e ativista Zhanna Nemtsova agradeceu a todos: "Obrigado a todos os que concordaram em mudar o nome, mas também aos que não gostam. Porque a democracia está certa quando todas as opiniões são ouvidas. Sejam elas quais forem", disse..O governo russo não gostou e fez sabê-lo, através da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, que classificou o ato de "absurdo" e "inexplicável"..Há duas semanas, a embaixada russa informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros checo que iria mudar a sede dos serviços diplomáticos para um edifício consular noutra rua. "É essencialmente uma medida administrativa, pelo que não temos qualquer razão para contestar", disse a porta-voz do ministério Zuzana Stíchová..O autarca de Praga não se ficou e questionou a medida. "Parece-me estranho. Afinal, Vladimir Putin também descreveu o assassínio de Boris Nemtsov como vil e cínico, dizendo que os responsáveis deveriam ser punidos. Não compreendo por que razão tentam evitar que a sua embaixada seja localizada numa praça com o nome de alguém que ocupou o cargo de vice-primeiro-ministro", disse Zdenek Hrib, ao site Aktualne.cz..Estátua contestada.Na segunda-feira, o outro caso que deixou o Kremlin irritado conheceu um novo capítulo. A estátua de bronze do marechal soviético Ivan Konev foi retirada no dia 3 de abril para dar lugar a um memorial da Segunda Guerra Mundial..Depois de um protesto da embaixada russa, a reação passou pela ameaça de uma investigação criminal. Numa tentativa de apaziguar Moscovo, o ministro da diplomacia checa, Tomás Petricek, afirmou estar recetivo a negociações tendo em vista uma possível transferência da estátua..Na sequência desta declaração, o deputado do Partido Pirata Jan Lipavsky condenou a "fraca reação" do ministro. O partido defende a venda da estátua para "doar o dinheiro às vítimas do comunismo"..Na sequência da retirada da estátua para um armazém, o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu escreveu ao homólogo checo Lubomir Metnar para que este entregasse a estátua à Rússia. Então, o ministro checo respondeu que tal não era possível, porque a estátua, inaugurada em 1980, sete anos após a morte de Konev, pertence à cidade..O edil do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar, disse que a estátua de Konev seria colocada num "museu dedicado à história do século XX na Checoslováquia"..O autarca, em entrevista ao idnes.cz, afirma que já tentara oferecer a estátua por diversas vezes. "A estátua não é e nunca foi propriedade da Rússia. Os russos não têm direito a ela e não podem ditar o que qualquer comunidade em qualquer parte do mundo fará com os seus bens. A remoção da estátua estava em total conformidade com a lei checa, a lei russa não pode ser aplicada", disse Ondrej Kolar..O dirigente referia-se ao anúncio, por parte da Comissão de Investigação da Rússia, que examina crimes graves, da abertura de uma investigação sobre "a profanação dos símbolos da glória militar da Rússia", uma lei recentemente alterada e que pode levar Moscovo a denunciar os autarcas à Interpol.."As ações do executivo de Praga são difíceis de apelidar outra coisa que não cínicas e ultrajantes. Esperamos que o lado checo esteja consciente dos riscos de um agravamento desta situação", ameaçou o ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov..Já o seu homólogo, numa primeira reação, qualificou a medida russa de criminalizar as ações dos políticos checos "inaceitável".."A República Checa respeita todas as vítimas entre os soldados do Exército Vermelho, incluindo ucranianos, bielorrussos e outras nações da antiga União Soviética que lutaram pela nossa libertação lado a lado com os russos", afirmou..O ministério acrescentou que, enquanto a República Checa trata de mais de 4 mil sepulturas de guerra e memoriais de soldados soviéticos, a Rússia "não renovou os memoriais de guerra aos legionários checos caídos em território russo, apesar de vários anos de negociações"..O marechal Ivan Konev é visto como um herói por muitos na Rússia, mas como um símbolo da repressão da era soviética por muitos checos. Konev comandou as tropas do Exército Vermelho que libertaram Praga dos nazis em 1945, mas foi também responsável pela Operação Turbilhão, que esmagou a revolta húngara antissoviética de 1956. Está também ligado ao ícone da clausura dos regimes comunistas: em 1961, em Berlim, deu as ordens para separar a cidade com a construção do muro..Vaga de ciberataques.Como possível vingança, há suspeitas de que hackers russos possam ter estado por detrás de uma recente vaga de ciberataques..No início do mês, os sistemas informáticos do aeroporto de Praga, vários hospitais e o Ministério da Saúde foram alvo de ataques..Em 22 de Abril, o Ministério do Interior checo afirmou que os seus sistemas informáticos também foram alvo dos ataques,os quais terão sido contrariados pelo organismo de cibervigilância do país, NUKIB. Este informou que os ataques foram obra de um "adversário sério e avançado", embora não apontado o dedo..Segundo a Radio Free Europe, peritos checos em cibersegurança afirmaram que parte do malware utilizado nos ataques foi em russo, embora alguns endereços também conduziram à China..Os responsáveis checos pela segurança consideraram que tanto a Rússia como a China constituíam a maior ameaça cibernética para a República Checa..A embaixada da Rússia em Praga, a 17 de Abril, negou qualquer ligação russa aos ataques, embora os checos não tenham feito tais acusações..O ecretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, manifestou preocupação com os incidentes, afirmando que qualquer pessoa envolvida em tal actividade deveria "esperar consequências".
Alexander Litvinenko foi envenenado com polónio, em 2006. Sergei Skripal (e a filha) com novichok, em 2018. Ambos eram ex-espiões russos. O primeiro pagou com a vida depois de se ter tornado numa voz crítica de Vladimir Putin e do "estado mafioso" russo; o segundo fora condenado em Moscovo pela "alta traição" de ter sido agente duplo..Na segunda-feira, o presidente da Câmara de Praga, Zdenek Hrib, confirmou que está a receber proteção policial permanente de há semanas para cá na sequência de uma ameaça, mas nas declarações à rádio Ekho Moskvy não entrou em pormenores.."É muito importante para mim manter as minhas convicções, embora isso signifique um risco para a minha vida", disse Hrib. "A proteção policial foi-me simplesmente dada pela polícia checa. Por decisão deles, não me é possível comentar as razões", acrescentou..Além de Hrib, o edil do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar, também está na mesma situação..Kolar confirmou aos meios de comunicação social checos que também está sob proteção policial e em local secreto, embora se tenha recusado a revelar pormenores.."Não temo pela minha vida. Temo por esta república que, graças a um governo completamente incompetente, está a ser arrastada pela lama e está a permitir que um Estado estrangeiro faça o que quiser", disse Kolar à idnes.cz..Segundo a revista Respekt ambos são alvos dos serviços secretos russos. "Há três semanas, um homem com um passaporte diplomático russo chegou ao aeroporto Václav Havel vindo da Rússia. Um carro do corpo diplomático russo local estava à sua espera e levou-o à embaixada no bairro de Dejvice, em Praga", começa o texto.."Fontes da Respekt afirmam que o passageiro viajou com uma pasta na qual, supostamente, teria o veneno mortífero de ricina. As forças de segurança sabiam da chegada do viajante e avaliaram-no como um risco imediato para um par de políticos checos cujas ações nos últimos meses provocaram a ira de Moscovo", prossegue..Oficialmente não houve comentários das autoridades checos sobre a alegada conspiração para o envenenamento dos políticos..O porta-voz do presidente russo qualificou as acusações de "falsas". "Não sabemos absolutamente nada sobre esta investigação", disse Dmitri Peskov, "Não sabemos quem fez a investigação. Parece que é mais uma farsa", desvalorizou..O que levou à ira do Kremlin.Boris Nemtsov, ex-vice-primeiro-ministro russo e opositor de Vladimir Putin, foi assassinado perto do Kremlin no dia 27 de fevereiro de 2015. Cinco anos depois, a Câmara de Praga seguiu o exemplo de Washington, Kiev e Vilnius e deu um novo nome à praça onde se situa a embaixada da Rússia..Na ocasião, a filha de Nemtsov, a jornalista e ativista Zhanna Nemtsova agradeceu a todos: "Obrigado a todos os que concordaram em mudar o nome, mas também aos que não gostam. Porque a democracia está certa quando todas as opiniões são ouvidas. Sejam elas quais forem", disse..O governo russo não gostou e fez sabê-lo, através da porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Maria Zakharova, que classificou o ato de "absurdo" e "inexplicável"..Há duas semanas, a embaixada russa informou o Ministério dos Negócios Estrangeiros checo que iria mudar a sede dos serviços diplomáticos para um edifício consular noutra rua. "É essencialmente uma medida administrativa, pelo que não temos qualquer razão para contestar", disse a porta-voz do ministério Zuzana Stíchová..O autarca de Praga não se ficou e questionou a medida. "Parece-me estranho. Afinal, Vladimir Putin também descreveu o assassínio de Boris Nemtsov como vil e cínico, dizendo que os responsáveis deveriam ser punidos. Não compreendo por que razão tentam evitar que a sua embaixada seja localizada numa praça com o nome de alguém que ocupou o cargo de vice-primeiro-ministro", disse Zdenek Hrib, ao site Aktualne.cz..Estátua contestada.Na segunda-feira, o outro caso que deixou o Kremlin irritado conheceu um novo capítulo. A estátua de bronze do marechal soviético Ivan Konev foi retirada no dia 3 de abril para dar lugar a um memorial da Segunda Guerra Mundial..Depois de um protesto da embaixada russa, a reação passou pela ameaça de uma investigação criminal. Numa tentativa de apaziguar Moscovo, o ministro da diplomacia checa, Tomás Petricek, afirmou estar recetivo a negociações tendo em vista uma possível transferência da estátua..Na sequência desta declaração, o deputado do Partido Pirata Jan Lipavsky condenou a "fraca reação" do ministro. O partido defende a venda da estátua para "doar o dinheiro às vítimas do comunismo"..Na sequência da retirada da estátua para um armazém, o ministro da Defesa russo Sergei Shoigu escreveu ao homólogo checo Lubomir Metnar para que este entregasse a estátua à Rússia. Então, o ministro checo respondeu que tal não era possível, porque a estátua, inaugurada em 1980, sete anos após a morte de Konev, pertence à cidade..O edil do distrito 6 de Praga, Ondrej Kolar, disse que a estátua de Konev seria colocada num "museu dedicado à história do século XX na Checoslováquia"..O autarca, em entrevista ao idnes.cz, afirma que já tentara oferecer a estátua por diversas vezes. "A estátua não é e nunca foi propriedade da Rússia. Os russos não têm direito a ela e não podem ditar o que qualquer comunidade em qualquer parte do mundo fará com os seus bens. A remoção da estátua estava em total conformidade com a lei checa, a lei russa não pode ser aplicada", disse Ondrej Kolar..O dirigente referia-se ao anúncio, por parte da Comissão de Investigação da Rússia, que examina crimes graves, da abertura de uma investigação sobre "a profanação dos símbolos da glória militar da Rússia", uma lei recentemente alterada e que pode levar Moscovo a denunciar os autarcas à Interpol.."As ações do executivo de Praga são difíceis de apelidar outra coisa que não cínicas e ultrajantes. Esperamos que o lado checo esteja consciente dos riscos de um agravamento desta situação", ameaçou o ministro dos Negócios Estrangeiros Serguei Lavrov..Já o seu homólogo, numa primeira reação, qualificou a medida russa de criminalizar as ações dos políticos checos "inaceitável".."A República Checa respeita todas as vítimas entre os soldados do Exército Vermelho, incluindo ucranianos, bielorrussos e outras nações da antiga União Soviética que lutaram pela nossa libertação lado a lado com os russos", afirmou..O ministério acrescentou que, enquanto a República Checa trata de mais de 4 mil sepulturas de guerra e memoriais de soldados soviéticos, a Rússia "não renovou os memoriais de guerra aos legionários checos caídos em território russo, apesar de vários anos de negociações"..O marechal Ivan Konev é visto como um herói por muitos na Rússia, mas como um símbolo da repressão da era soviética por muitos checos. Konev comandou as tropas do Exército Vermelho que libertaram Praga dos nazis em 1945, mas foi também responsável pela Operação Turbilhão, que esmagou a revolta húngara antissoviética de 1956. Está também ligado ao ícone da clausura dos regimes comunistas: em 1961, em Berlim, deu as ordens para separar a cidade com a construção do muro..Vaga de ciberataques.Como possível vingança, há suspeitas de que hackers russos possam ter estado por detrás de uma recente vaga de ciberataques..No início do mês, os sistemas informáticos do aeroporto de Praga, vários hospitais e o Ministério da Saúde foram alvo de ataques..Em 22 de Abril, o Ministério do Interior checo afirmou que os seus sistemas informáticos também foram alvo dos ataques,os quais terão sido contrariados pelo organismo de cibervigilância do país, NUKIB. Este informou que os ataques foram obra de um "adversário sério e avançado", embora não apontado o dedo..Segundo a Radio Free Europe, peritos checos em cibersegurança afirmaram que parte do malware utilizado nos ataques foi em russo, embora alguns endereços também conduziram à China..Os responsáveis checos pela segurança consideraram que tanto a Rússia como a China constituíam a maior ameaça cibernética para a República Checa..A embaixada da Rússia em Praga, a 17 de Abril, negou qualquer ligação russa aos ataques, embora os checos não tenham feito tais acusações..O ecretário de Estado norte-americano Mike Pompeo, manifestou preocupação com os incidentes, afirmando que qualquer pessoa envolvida em tal actividade deveria "esperar consequências".