A pena fiel de Lídia Jorge anima as ruas de Penafiel
"Chegou à cidade de Penafiel o maior espetáculo!" Esta frase, que ecoa de um altifalante de um carro, pode enganar quem anda a passear pela localidade que desde quarta-feira e até hoje celebra a vida e obra da escritora Lídia Jorge, dando a ideia de que é a escritora o tal espetáculo. Não é o que se verifica, pois trata-se da propaganda ao circo que coincide com a Escritaria, e que confinado à tenda junto ao campo da feira não é capaz de rivalizar com a "contaminação" de arte pública, cartazes e painéis onde as capas e parágrafos dos livros, pensamentos e fotografias de Lídia Jorge dominam e alteram a paisagem de Penafiel nesta sétima edição do seu festival literário.
É certo que o carro-propaganda tem um tigre branco a sair do teto, mas a Escritaria compete com as artes do circo ao pôr a cidade de pernas para o ar e não deixar ninguém passar indiferente pelas suas ruas. Lídia Jorge está por todo o lado, em faixas presas a cabides com o seu rosto; fotografias que a mostram desde pequena a pedalar um triciclo; adulta a conversar com o escritor José Cardoso Pires ou Agustina Bessa--Luís; em cartazes à entrada de becos, e na maior parte das montras das lojas. Como é o caso da barbearia no n.º 155 de uma ruela onde a sua imagem está ao lado de dois modelos de cortes de cabelo masculino considerados classiques, como se escreve em francês na legenda. Ou na Ourivesaria Pena, onde Lídia Jorge e quatro amigas já entraram para comprar pulseiras em prata dourada com motivos de corações de Viana do Castelo.