A partir de domingo, as portuguesas estão a trabalhar de graça

Os homens continuam a ganhar mais 157 euros por mês, mesmo quando desempenham as mesmas funções. As mulheres portuguesas recebem menos quase dois meses de salário.
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A partir de dia 4 de novembro as mulheres deixam de ser remuneradas pelo seu trabalho, enquanto os homens continuam a receber o seu salário até ao final do ano. Esta é a conclusão de um estudo da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) que todos os anos apresenta os últimos dados referentes à desigualdade salarial entre os dois sexos.

O dia 4 de novembro é precisamente o Dia Nacional da Igualdade Salarial, "uma data simbólica que traduz em dias de trabalho pago a disparidade salarial de género e que assinala o dia a partir do qual, virtualmente, as mulheres deixam de ser remuneradas pelo seu trabalho", refere o comunicado do CITE, que avança ainda outros dados:
- Os salários médios das mulheres são inferiores em 15,8% aos dos homens, o que corresponde a 58 dias de trabalho pago.
-A diferença salarial entre homens e mulheres baixou de 16,7% em 2015 para 15,8% em 2016 no referente à remuneração média mensal base, o que corresponde a uma diferença salarial de €157,1/ mês em desfavor das mulheres.

Apesar das diferenças, os novos dados representam uma melhoria "relativa" das condições de equidade salarial entre mulheres e homens no contexto europeu. No entanto, e segundo o CITE, Portugal continua a sobressair na análise ao apresentar níveis elevados de desigualdade salarial em relação ao género.

Em 2016 os salários das mulheres subiram mais do que os dos homens

O mesmo estudo aponta que entre 2012 e 2016, a disparidade salarial de género diminuiu em 2,7 por cento no que diz respeito à remuneração média mensal base. 2013 e em 2014 foram anos em que a disparidade salarial baixou devido à desvalorização dos salários dos homens e a diminuição da disparidade salarial de género em 2016 ocorreu num contexto de valorização dos salários de mulheres e de homens, devendo-se ao facto de as remunerações médias mensais das mulheres terem crescido (+1,9%), neste ano, de modo mais significativo do que as dos homens (+0,7%).

Entre as causas encontradas para esta diferença nos salários consoante o género estão a segregação horizontal e vertical no mercado de trabalho, a conciliação da vida familiar, profissional e pessoal e ainda os estereótipos que subsistem na sociedade portuguesa em relação ao papel desempenhado por homens e mulheres.

De acordo com o gabinete de estatísticas da UE, entre 2011 e 2016, o fosso salarial entre homens e mulheres em Portugal cresceu 4,6%, situando-se em 2016 nos 17,5%, menos 0,3% do que no ano anterior.

Portugal em primeiro lugar na desigualdade salarial de género

Em março deste ano, os últimos dados do gabinete de estatísticas da UE indicavam que Portugal era um dos dez Estados-Membros em que a diferenciação salarial de género mais subira entre 2011 e 2016.

O fosso salarial entre homens e mulheres em Portugal crescera 4,6%, situando-se em 2016 nos 17,5%, menos 0,3% do que no ano anterior.

A nível europeu, segundo os dados do Eurostat, os Estados-Membros que lideraram o 'ranking' da diferença de remuneração entre homens e mulheres em 2016 foram a Estónia (25,3%), a República Checa (21,8%), a Alemanha (21,5%), o Reino Unido (21,%) e a Áustria (20,1%).

Roménia (5,2%), Itália (5,3%), Luxemburgo (5,5%), Bélgica (6,1%), Polónia (7,2%), Eslovénia (7,8%) e Croácia (8,7%) foram os países que ficaram abaixo dos dez por cento.

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