A paixão por Dennis Rodman não é só o que une Trump e Kim

Pyongyang garante que Trump é "político sensato", depois de magnata ter admitido dialogar com líder norte-coreano sobre programa nuclear. Ambos começaram com a ajuda do pai
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Em janeiro Donald Trump elogiou o líder norte-coreano, Kim Jong-un, por mostrar "quem é que manda" ao ordenar a execução do próprio tio e de um general. Agora foi a vez de Pyongyang vir apoiar o milionário que descreveu como "um político sensato". Um artigo de opinião publicado no site DPRK Today, espécie de voz do regime, vê no milionário que já garantiu a nomeação republicana para as presidenciais de 8 de novembro nos EUA um "candidato prudente" capaz de libertar os americanos do receio da bomba nuclear da Coreia do Norte. Um namoro diplomático entre dois homens unidos por muito mais do que pela admiração comum pelo ex-jogador de basquete Dennis Rodman.

"Trump não é o candidato desbocado, disparatado e ignorante que todos descrevem, é na verdade um político sensato e um candidato presidencial prudente", podia ler-se no artigo assinado pelo académico norte-coreano sediado na China Han Yong Muk.

Trump garantiu há dias à Reuters estar disposto a sentar-se à mesa das negociações com Kim Jong-un para discutir com ele o programa nuclear norte-coreano. Uma posição que contrasta com a da sua mais que provável adversária democrata, Hillary Clinton. A ex-primeira-dama - descrita no artigo do DPRK Today como "Hillary obtusa" - defende a aplicação contra a Coreia do Norte de sanções semelhantes às que pesaram sobre o Irão.

E num potencial futuro encontro, do que falariam Donald Trump e Kim Jong-un, além do nuclear? Em primeiro lugar, talvez de basquetebol. Ou pelo menos do seu amigo comum: Dennis Rodman. A excêntrica antiga estrela da NBA já viajou várias vezes até à Coreia do Norte a convite do líder, fã confesso de basquete. "Adoro-o, adoro-o. Este tipo é espetacular", garantia Rodman em 2013. Um entusiasmo semelhante ao que revela agora por Trump no Twitter: "@DonaldTrump tem sido um grande amigo há muitos anos. Não precisamos de outro político, precisamos de um empresário como o sr. Trump! Trump 2016".

Veja o vídeo de Rodman a cantar os parabéns a Kim:

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Conhecidos ambos pela retórica desafiadora e incendiária, Trump e Kim partilham ainda outra característica: ambos começaram com um empurrãozinho do pai. O de Trump, um bem-sucedido empresário do imobiliário, emprestou-lhe um milhão para o filho se lançar no negócio da família. O de Kim deixou-lhe ao morrer, em 2011, o negócio da sua família: o governo da Coreia do Norte. Jong-un é o terceiro Kim a presidir aos destinos do país, depois do pai, Jong-il, e do avô, Il-sung.

As semelhanças são tantas que até a revista Vanity Fair não resistiu a fazer um quadro comparativo entre The Donald, como Trump gosta de ser conhecido, e o Grande Sucessor, como a imprensa norte-coreana chamou a Kim quando chegou ao poder. E se a revista destaca características mais fúteis, como ambos terem penteados característicos, também recorda que Trump gosta de ter o seu nome em letras gigantes nas paredes de torres em várias cidades americanas e Kim tem cartazes com o seu rosto nos principais edifícios de Pyongyang. E que se um promete construir um muro na fronteira com o México para impedir a entrada de ilegais nos EUA, o outro lidera um dos regimes mais isolados do mundo e já ameaçou usar a bomba atómica para proteger o país de ingerências externas.

Empate técnico

O apoio de Pyongyang pode não ter grande influência nas eleições americanas, mas a verdade é que desde que se tornou no único candidato republicano - após Ted Cruz e John Kasich terem suspendido as candidaturas - e conseguiu o número de delegados necessários para obter a nomeação, Trump não para de subir nas sondagens nacionais. Ontem a CNN divulgava uma sondagem das sondagens, com a média dos últimos estudos realizados, revelando um empate técnico entre o milionário e Hillary Clinton. A ex-primeira-dama conseguia 45% das intenções de voto, Trump 43%.

O ponto de viragem deu-se portanto quando Trump garantiu a nomeação, enquanto Hillary continua a ter de disputar as primárias democratas com Bernie Sanders. A corrida deverá ficar terminada no dia 7, quando Hillary vencer na Califórnia. Pelo menos a acreditar em estudos como o da universidade de Stanford que dá 51% das intenções de voto à ex-primeira-dama contra 38% para o senador do Vermont.

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