A organização que trata de remover barreiras no comércio internacional vai derrubar outra de grande simbolismo, ao ter como diretora-geral uma pessoa africana e mulher. A nomeação ainda não foi oficializada nem tem data marcada para o fazer, mas estará garantida após a retirada, na sexta-feira, da outra candidatura finalista, a da sul-coreana Yoo Myung-hee..Este desenvolvimento põe fim a um impasse de meses, uma vez que a escolha da liderança na Organização Mundial do Comércio (OMC) carece de consenso e a administração do norte-americano Donald Trump apoiava Yoo. Joe Biden, juntou-se à candidatura de Ngozi Okonjo-Iweala na sexta-feira, ao sinalizar "forte apoio" à nigeriana, que tem "um vasto conhecimento em economia e diplomacia internacional" e "experiência comprovada na gestão de uma grande organização internacional"..A organização que engloba 164 membros está mergulhada em profunda crise e é vista por muitos a precisar de reformas. Antes da pandemia, não conseguira solucionar conversações comerciais paralisadas, nem refreado as tensões entre os Estados Unidos e a China..O organismo comercial global também enfrentou ataques de Washington, que minou o seu sistema de recurso de resolução de litígios e, sob a administração Trump, ameaçou abandonar por completo a organização. Em julho do ano passado, o brasileiro Roberto Azevedo anunciou a sua saída antes do final do mandato, deixando a organização sem um diretor-geral..EUA vs. China. Organização Mundial do Comércio é a mais recente vítima.A candidatura da dirigente de 66 anos foi formalizada pelo presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari. Até ao final de 2020, Ngozi Okonjo-Iweala foi presidente da Aliança Global para as Vacinas (cujo sucessor é Durão Barroso). Faz parte do conselho de administração do Twitter, é administradora não executiva do banco Standard Chartered, entre outros cargos..OPI NGOZI Globalizar a vacina contra a covid.Distinguida pela Forbes Africa como a mulher do ano de 2020, Okonjo-Iweala tem uma história de vida e um currículo que dão garantias de que não será um elemento decorativo no cargo. Nascida no estado nigeriano do Delta, foi criada pela avó até aos 9 anos, enquanto os pais estudavam no estrangeiro. Mais tarde, os pais perderam todas as poupanças durante a guerra do Biafra. "Eu vi o que significava a pobreza, ser pobre na primeira pessoa. Eu consigo aguentar as dificuldades. Posso dormir no chão frio em qualquer momento", disse à BBC..Licenciou-se em Harvard (tal como os seus quatro filhos) e doutorou-se no MIT. Fez carreira no Banco Mundial durante 25 anos, tendo ascendido até ao número 2 da organização..No seu país foi pioneira, ao ocupar os cargos de ministra das Finanças, por duas vezes, e durante breve trecho, dos Negócios Estrangeiros. As suas reformas causaram engulhos num país minado pela corrupção..Quando, em 2012, a mãe foi raptada e exigiram a sua demissão, Ngozi Okonjo-Iweala rejeitou ceder e a progenitora acabou por ser libertada dias depois. "Ela foi honesta, transparente e responsável - virtudes não encontradas com frequência em titulares de cargos públicos na Nigéria", disse a ativista Josephine Effa-Chukwuma à BBC. Mas o seu legado não é unânime. No mínimo, teve a oportunidade de se demitir do cargo e expor a corrupção", comentou à AFP Olanrewaju Suraju, da ong HEDA.
A organização que trata de remover barreiras no comércio internacional vai derrubar outra de grande simbolismo, ao ter como diretora-geral uma pessoa africana e mulher. A nomeação ainda não foi oficializada nem tem data marcada para o fazer, mas estará garantida após a retirada, na sexta-feira, da outra candidatura finalista, a da sul-coreana Yoo Myung-hee..Este desenvolvimento põe fim a um impasse de meses, uma vez que a escolha da liderança na Organização Mundial do Comércio (OMC) carece de consenso e a administração do norte-americano Donald Trump apoiava Yoo. Joe Biden, juntou-se à candidatura de Ngozi Okonjo-Iweala na sexta-feira, ao sinalizar "forte apoio" à nigeriana, que tem "um vasto conhecimento em economia e diplomacia internacional" e "experiência comprovada na gestão de uma grande organização internacional"..A organização que engloba 164 membros está mergulhada em profunda crise e é vista por muitos a precisar de reformas. Antes da pandemia, não conseguira solucionar conversações comerciais paralisadas, nem refreado as tensões entre os Estados Unidos e a China..O organismo comercial global também enfrentou ataques de Washington, que minou o seu sistema de recurso de resolução de litígios e, sob a administração Trump, ameaçou abandonar por completo a organização. Em julho do ano passado, o brasileiro Roberto Azevedo anunciou a sua saída antes do final do mandato, deixando a organização sem um diretor-geral..EUA vs. China. Organização Mundial do Comércio é a mais recente vítima.A candidatura da dirigente de 66 anos foi formalizada pelo presidente da Nigéria, Muhammadu Buhari. Até ao final de 2020, Ngozi Okonjo-Iweala foi presidente da Aliança Global para as Vacinas (cujo sucessor é Durão Barroso). Faz parte do conselho de administração do Twitter, é administradora não executiva do banco Standard Chartered, entre outros cargos..OPI NGOZI Globalizar a vacina contra a covid.Distinguida pela Forbes Africa como a mulher do ano de 2020, Okonjo-Iweala tem uma história de vida e um currículo que dão garantias de que não será um elemento decorativo no cargo. Nascida no estado nigeriano do Delta, foi criada pela avó até aos 9 anos, enquanto os pais estudavam no estrangeiro. Mais tarde, os pais perderam todas as poupanças durante a guerra do Biafra. "Eu vi o que significava a pobreza, ser pobre na primeira pessoa. Eu consigo aguentar as dificuldades. Posso dormir no chão frio em qualquer momento", disse à BBC..Licenciou-se em Harvard (tal como os seus quatro filhos) e doutorou-se no MIT. Fez carreira no Banco Mundial durante 25 anos, tendo ascendido até ao número 2 da organização..No seu país foi pioneira, ao ocupar os cargos de ministra das Finanças, por duas vezes, e durante breve trecho, dos Negócios Estrangeiros. As suas reformas causaram engulhos num país minado pela corrupção..Quando, em 2012, a mãe foi raptada e exigiram a sua demissão, Ngozi Okonjo-Iweala rejeitou ceder e a progenitora acabou por ser libertada dias depois. "Ela foi honesta, transparente e responsável - virtudes não encontradas com frequência em titulares de cargos públicos na Nigéria", disse a ativista Josephine Effa-Chukwuma à BBC. Mas o seu legado não é unânime. No mínimo, teve a oportunidade de se demitir do cargo e expor a corrupção", comentou à AFP Olanrewaju Suraju, da ong HEDA.