Os destaques da primeira página do DN da edição de 22 de março de 1963 dividiam-se entre as novidades da corrida espacial entre os soviéticos e os norte-americanos e notícias em tom laudatório ao regime, caso da aprovação do Orçamento do Estado (com o título "O prestígio de Portugal está ligado à defesa e progresso do Ultramar") ou a visita de Salazar a Arraiolos e Évora, onde a população "tributou fervorosa manifestação de apreço e de simpatia ao Sr. Presidente do Conselho"). No entanto, não passou em claro um movimento que veio fazer história nos Estados Unidos. "A marcha da igualdade começou ontem no Alabama", titulava o jornal na primeira página, que explicava que 10 mil brancos e negros participavam na manifestação de Selma para Montgomery em favor da integração racial. .Depois de descrever o serviço ecuménico que reuniu católicos, judeus, metodistas e protestantes e de retratar os jovens e velhos camponeses com "os seus trajos domingueiros", o repórter elogia a facilidade com que o reverendo Abernathy estabelece comunicação com o povo. "Todo o país deve saber que estamos cansados. Chegou o momento de cumprir as promessas da democracia", disse depois Martin Luther King, o pastor que liderou o movimento pelos direitos civis e que acabaria assassinado cinco anos depois.