Aos 69 anos e após uma década à frente dos destinos de Israel (depois de um primeiro mandato entre 1996 e 1999), Benjamin Netanyahu enfrenta nas eleições legislativas de 9 de abril o primeiro grande desafio desde que regressou à chefia do governo. Fragilizado pelas acusações de corrupção, Bibi tem pela frente outro Benjamin: Benny Gantz, um antigo general que foi seu chefe do Estado-Maior e que aposta no cansaço do eleitorado para afastar Netanyahu do poder..Se a história política israelita revela alguma coisa é que os eleitores gostam de um líder com currículo militar - Gantz é o 12.º chefe do Estado-Maior israelita a saltar para a política e vários generais já foram primeiros-ministros. Em 1992, Yitzhak Rabin ganhou as eleições, mas acabaria assassinado três anos depois por um extremista que era contra os acordos de paz de Oslo, abrindo caminho à primeira vitória de Netanyahu em 1996..Três anos mais tarde, outro general, Ehud Barak, derrotou Bibi nas urnas, mas não conseguiu chegar a acordo de paz com os palestinianos na cimeira de Camp David (EUA). Seguiram-se seis governos de direita, começando com o general Ariel Sharon. Segundo um estudo do think tank Israel Democracy Institute, 78% dos israelitas confiam nas Forças de Defesa de Israel, mas só 30% confiam no governo..A coligação Azul e Branca liderada por Gantz conta com outro militar entre os seus principais dirigentes: o ex-general Moshe Ya"alon, que também foi chefe do Estado-Maior e até ministro da Defesa de Netanyahu de 2013 a 2016. É o número três da lista, que no número dois apresenta outro antigo sócio de coligação de Bibi, o ex-ministro das Finanças Yair Lapid, do partido centrista Yesh Atid..O acordo entre Lapid e Gantz prevê que este último assuma a liderança do governo nos primeiros dois anos e meio, passando depois a pasta de primeiro-ministro a Lapid para o restante ano e meio do mandato. Uma fórmula que pode custar alguns votos à coligação, com uma deputada do Labor (partido que se aliará com a Azul e Branca após as eleições para uma eventual formação de governo) a dizer que receberiam mais votos se Gantz rasgasse o acordo de partilha de poder..Netanyahu enfraquecido.Além de primeiro-ministro, Netanyahu é ministro da Defesa interino e até há poucos meses ocupava ainda a chefia da diplomacia. O homem-forte da direita israelita está contudo enfraquecido por causa das suspeitas de corrupção (haverá uma audiência em breve e poderá ser acusado). Em causa estão crimes de suborno, fraude e quebra de confiança em três casos diferentes. O primeiro-ministro, que sempre negou as acusações, alega que está a ser alvo de um golpe "para derrubar a direita e levar a esquerda até ao poder"..Netanyahu conta, por outro lado, com um aliado de peso: a atual administração norte-americana, com vários gestos a seu favor da parte do presidente Donald Trump - da mudança da embaixada para Jerusalém ao reconhecimento da soberania israelita sobre os montes Golã. Há cartazes eleitorais de Netanyahu ao lado de Trump em Telavive..Acusado de ser de esquerda pelo adversário, Gantz recusa contudo esse rótulo com o slogan: "Nem esquerda, nem direita, Israel acima de tudo." Defende que o país está obrigado a viver sempre "pela espada", pelo que um general é melhor para o cargo de primeiro-ministro, querendo apresentar-se como uma alternativa credível face a um Netanyahu envolto em polémica..Enquanto isso, a equipa de Bibi tenta pintar Gantz como alguém que não está preparado para o cargo. Isto depois de ele admitir que o último mês foi o mais difícil da sua vida e de se queixar, numa reunião privada, de que Netanyahu poderia ser capaz de o matar..Sondagens.A coligação Azul e Branca está a lutar lado a lado com o Likud de Netanyahu pela liderança do Knesset, o Parlamento israelita, com algumas sondagens a mostrarem ora uma ora outra à frente, com a conquista de mais ou menos 30 representantes. Contudo, mesmo que a coligação de Gantz seja a mais votada, a probabilidade de Netanyahu conseguir formar governo é mais elevada, graças aos resultados dos outros partidos de direita..Os 120 deputados do Knesset são eleitos por representação proporcional, com os eleitores a votarem nas listas dos partidos, não em candidatos individuais. Na história de Israel, nunca um partido conseguiu conquistar 61 lugares no Knesset, isto é, a maioria absoluta, pelo que necessita de formar uma coligação para poder governar..O partido que elege mais deputados não é obrigatoriamente aquele que é chamado a formar governo pelo presidente - o atual é Reuven Rivlin -, responsável por consultar todos os líderes dos partidos com representação parlamentar. Em 2009, o Kadima da ex-ministra da Justiça Tzipi Livni teve mais deputados, mas foi Netanyahu, do Likud, que foi convidado para formar governo..A atual coligação que apoia Netanyahu é formada por cinco partidos, além do Likud, e há outros dois com os quais se podem aliar após as eleições. Numa sondagem do jornal Haaretz, o centro-direita consegue 67 deputados..Cisjordânia.Numa tentativa de conquistar mais votos, Netanyahu disse este sábado que vai anexar os colonatos da Cisjordânia se for reeleito. "Aplicarei a soberania sem fazer distinção entre os grandes colonatos e os colonatos isolados", afirmou na estação de televisão 12..A anexação dos colonatos tornaria inviável a solução de dois Estados, em que o Estado de Israel coexistiria com o Estado Palestiniano. Segundo o direito internacional, os colonatos criados em territórios palestinianos ocupados a partir de 1967 são ilegais e são, para a maior parte da comunidade internacional, um dos principais obstáculos à paz..Gantz considera "irresponsável" a tomada de posição de Netanyahu, questionando o porquê de o primeiro-ministro ainda não o ter feito se essa sempre foi a sua intenção. Recorde-se que Netanyahu está há dez anos consecutivos no poder, mas já teve um primeiro mandato de três anos. "Penso que pronunciar-se sobre uma escolha estratégica e história no quadro de uma campanha eleitoral é irresponsável", indicou ao site Ynet, mostrando-se contra qualquer decisão "unilateral". No passado, Gantz mostrou-se favorável à evacuação de alguns colonatos..PERFIS.Benjamin Bibi Netanyahu Nasceu há 69 anos em Telavive, tendo passado a última década à frente dos destinos de Israel. Já tinha sido também primeiro-ministro entre 1996 e 1999, quando foi derrotado pelo trabalhista Ehud Barak. É o líder do Likud, que está à frente da coligação de seis partidos de direita que governa o país..Benjamin Benny Gantz Nasceu há 59 anos e fez carreira nas Forças de Defesa de Israel, chegando a general de três estrelas. Foi chefe do Estado-Maior israelita de 2011 a 2015, tendo sido nomeado pelo governo de Netanyahu. Em dezembro de 2018 anunciou que ia dedicar-se à política e criou o Partido da Resiliência, um dos que formam a coligação Azul e Branca.
Aos 69 anos e após uma década à frente dos destinos de Israel (depois de um primeiro mandato entre 1996 e 1999), Benjamin Netanyahu enfrenta nas eleições legislativas de 9 de abril o primeiro grande desafio desde que regressou à chefia do governo. Fragilizado pelas acusações de corrupção, Bibi tem pela frente outro Benjamin: Benny Gantz, um antigo general que foi seu chefe do Estado-Maior e que aposta no cansaço do eleitorado para afastar Netanyahu do poder..Se a história política israelita revela alguma coisa é que os eleitores gostam de um líder com currículo militar - Gantz é o 12.º chefe do Estado-Maior israelita a saltar para a política e vários generais já foram primeiros-ministros. Em 1992, Yitzhak Rabin ganhou as eleições, mas acabaria assassinado três anos depois por um extremista que era contra os acordos de paz de Oslo, abrindo caminho à primeira vitória de Netanyahu em 1996..Três anos mais tarde, outro general, Ehud Barak, derrotou Bibi nas urnas, mas não conseguiu chegar a acordo de paz com os palestinianos na cimeira de Camp David (EUA). Seguiram-se seis governos de direita, começando com o general Ariel Sharon. Segundo um estudo do think tank Israel Democracy Institute, 78% dos israelitas confiam nas Forças de Defesa de Israel, mas só 30% confiam no governo..A coligação Azul e Branca liderada por Gantz conta com outro militar entre os seus principais dirigentes: o ex-general Moshe Ya"alon, que também foi chefe do Estado-Maior e até ministro da Defesa de Netanyahu de 2013 a 2016. É o número três da lista, que no número dois apresenta outro antigo sócio de coligação de Bibi, o ex-ministro das Finanças Yair Lapid, do partido centrista Yesh Atid..O acordo entre Lapid e Gantz prevê que este último assuma a liderança do governo nos primeiros dois anos e meio, passando depois a pasta de primeiro-ministro a Lapid para o restante ano e meio do mandato. Uma fórmula que pode custar alguns votos à coligação, com uma deputada do Labor (partido que se aliará com a Azul e Branca após as eleições para uma eventual formação de governo) a dizer que receberiam mais votos se Gantz rasgasse o acordo de partilha de poder..Netanyahu enfraquecido.Além de primeiro-ministro, Netanyahu é ministro da Defesa interino e até há poucos meses ocupava ainda a chefia da diplomacia. O homem-forte da direita israelita está contudo enfraquecido por causa das suspeitas de corrupção (haverá uma audiência em breve e poderá ser acusado). Em causa estão crimes de suborno, fraude e quebra de confiança em três casos diferentes. O primeiro-ministro, que sempre negou as acusações, alega que está a ser alvo de um golpe "para derrubar a direita e levar a esquerda até ao poder"..Netanyahu conta, por outro lado, com um aliado de peso: a atual administração norte-americana, com vários gestos a seu favor da parte do presidente Donald Trump - da mudança da embaixada para Jerusalém ao reconhecimento da soberania israelita sobre os montes Golã. Há cartazes eleitorais de Netanyahu ao lado de Trump em Telavive..Acusado de ser de esquerda pelo adversário, Gantz recusa contudo esse rótulo com o slogan: "Nem esquerda, nem direita, Israel acima de tudo." Defende que o país está obrigado a viver sempre "pela espada", pelo que um general é melhor para o cargo de primeiro-ministro, querendo apresentar-se como uma alternativa credível face a um Netanyahu envolto em polémica..Enquanto isso, a equipa de Bibi tenta pintar Gantz como alguém que não está preparado para o cargo. Isto depois de ele admitir que o último mês foi o mais difícil da sua vida e de se queixar, numa reunião privada, de que Netanyahu poderia ser capaz de o matar..Sondagens.A coligação Azul e Branca está a lutar lado a lado com o Likud de Netanyahu pela liderança do Knesset, o Parlamento israelita, com algumas sondagens a mostrarem ora uma ora outra à frente, com a conquista de mais ou menos 30 representantes. Contudo, mesmo que a coligação de Gantz seja a mais votada, a probabilidade de Netanyahu conseguir formar governo é mais elevada, graças aos resultados dos outros partidos de direita..Os 120 deputados do Knesset são eleitos por representação proporcional, com os eleitores a votarem nas listas dos partidos, não em candidatos individuais. Na história de Israel, nunca um partido conseguiu conquistar 61 lugares no Knesset, isto é, a maioria absoluta, pelo que necessita de formar uma coligação para poder governar..O partido que elege mais deputados não é obrigatoriamente aquele que é chamado a formar governo pelo presidente - o atual é Reuven Rivlin -, responsável por consultar todos os líderes dos partidos com representação parlamentar. Em 2009, o Kadima da ex-ministra da Justiça Tzipi Livni teve mais deputados, mas foi Netanyahu, do Likud, que foi convidado para formar governo..A atual coligação que apoia Netanyahu é formada por cinco partidos, além do Likud, e há outros dois com os quais se podem aliar após as eleições. Numa sondagem do jornal Haaretz, o centro-direita consegue 67 deputados..Cisjordânia.Numa tentativa de conquistar mais votos, Netanyahu disse este sábado que vai anexar os colonatos da Cisjordânia se for reeleito. "Aplicarei a soberania sem fazer distinção entre os grandes colonatos e os colonatos isolados", afirmou na estação de televisão 12..A anexação dos colonatos tornaria inviável a solução de dois Estados, em que o Estado de Israel coexistiria com o Estado Palestiniano. Segundo o direito internacional, os colonatos criados em territórios palestinianos ocupados a partir de 1967 são ilegais e são, para a maior parte da comunidade internacional, um dos principais obstáculos à paz..Gantz considera "irresponsável" a tomada de posição de Netanyahu, questionando o porquê de o primeiro-ministro ainda não o ter feito se essa sempre foi a sua intenção. Recorde-se que Netanyahu está há dez anos consecutivos no poder, mas já teve um primeiro mandato de três anos. "Penso que pronunciar-se sobre uma escolha estratégica e história no quadro de uma campanha eleitoral é irresponsável", indicou ao site Ynet, mostrando-se contra qualquer decisão "unilateral". No passado, Gantz mostrou-se favorável à evacuação de alguns colonatos..PERFIS.Benjamin Bibi Netanyahu Nasceu há 69 anos em Telavive, tendo passado a última década à frente dos destinos de Israel. Já tinha sido também primeiro-ministro entre 1996 e 1999, quando foi derrotado pelo trabalhista Ehud Barak. É o líder do Likud, que está à frente da coligação de seis partidos de direita que governa o país..Benjamin Benny Gantz Nasceu há 59 anos e fez carreira nas Forças de Defesa de Israel, chegando a general de três estrelas. Foi chefe do Estado-Maior israelita de 2011 a 2015, tendo sido nomeado pelo governo de Netanyahu. Em dezembro de 2018 anunciou que ia dedicar-se à política e criou o Partido da Resiliência, um dos que formam a coligação Azul e Branca.