A Inteligência Artificial não substitui o profissional de marketing e publicidade, empodera-o

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Adoro passar tempo com criadores e empresários da área de Inteligência Artificial porque fico entusiasmado ao perceber como essas novas tecnologias transformam a narrativa de algumas áreas. Foi assim que fui procurar entender como funciona essa história de Inteligência Criativa nas campanhas publicitárias. Já que sabia que a principal empresa dessa área estaria aqui no Web Summit e saí duplamente surpreendido. Primeiro porque a tecnologia enterra de uma vez aquele "achismo" quando se tenta descobrir o que foi mal ou não numa campanha. Depois por ter conhecido o homem por trás dessa tecnologia e ter sido uma imagem diferente da que eu esperava.

O universo das empresas ligadas à Inteligência Artificial (IA) transmite a imagem de um cenário dinâmico, eletrizante e acelerado. Em geral é essa, também, a imagem que se constrói de quem trabalha nesse segmento e esteve como eu, entre os dias 01 a 04/11, a circular pelos corredores do Web Summit 2022. Um dos palestrantes dessa cimeira foi Alex Collmer, CEO da VidMob - empresa que recentemente recebeu um aporte de US$ 110 milhões em uma ronda Serie D -, que veio cá para explicar à audiência o que é, afinal, a Inteligência Criativa desenvolvida por ele, e se ela vai ou não vai substituir a mão de obra humana.

Simpático, atendeu a todos em uma Masterclass onde aproveitei para saber de onde ele vinha. Collmer é um estadunidense que nasceu em Ohio, mas cresceu em Ithaca, uma pequena cidade do estado de Nova Iorque. Nesse lugar bucólico se encontra a Universidade de Cornell, onde se licenciou em Engenharia Estrutural para se tornar um engenheiro à frente do seu tempo na agitada e, essa sim, eletrizante cidade de Nova Iorque.

Sua empresa, a VidMob, tem um algoritmo baseado em IA que está a transformar o desempenho das campanhas para grandes anunciantes globais. E, ao contrário da maioria da tecnologia publicitária que se concentra nas alavancas dos meios de comunicação (tais como audiências, orçamento, frequência, etc.), eles se empenham em melhorar a criatividade real. Isso porque disponibilizam aos clientes uma plataforma tecnológica baseada em IA que lhes permite compreender como cada decisão criativa que tomam nos seus anúncios têm impacto no desempenho.

Para anúncios de beleza no TikTok, por exemplo, o tema deve estar a 3 pés da câmera ou a 8? Deverá estar presente um logótipo no primeiro segundo, ou entrar mais tarde, etc. Essa plataforma ajuda as marcas a compreender as suas próprias melhores práticas criativas. E, utilizando o processo de tomada de decisões criativas com base em dados, são capazes de melhorar drasticamente o desempenho de marketing dos clientes. Os cases que ele apresentou era poderosos: L'Oreal, Johnson & Johnson, The NFL, Marriott todos estão a utilizar o Intelligent Creative para melhorar o seu desempenho comercial.

Eles são parceiros certificados das principais plataformas de social media, relação estreita que existe pela simples razão de que os interesses estão alinhados. A tecnologia ajuda as campanhas de marketing a ter um melhor desempenho, e quando os marketeiros vêem melhores resultados, gastam mais dinheiro em publicidade nas plataformas, têm sucesso com suas campanhas e, dessa forma, o ciclo se retroalimenta.

Para viabilizar que isso aconteça, esses parceiros dão à tecnologia acesso aos dados em bruto sobre peças criativas e seus respectivos desempenhos. Estas integrações permitem à tecnologia de IA olhar para trás ao longo de anos de desempenho histórico desse anunciante, entender exatamente o que funciona, o que não funciona e o porquê. Decompor todas as decisões criativas e, com isso, gerar insights estratégicos sobre a forma de melhorar o desempenho dessa criatividade, com base naqueles dados apurados.

No palco do Web Summit ele disse que as pessoas assumem erroneamente que a IA roubará os seus empregos, mas na verdade não o fará. Entretanto - e aqui fica a dica - se você estiver a disputar uma vaga com alguém que utiliza IA melhor do que você, você perderá. Tendo isto em conta, eles procuram construir uma tecnologia que permita aos criativos e marketers utilizar a IA para serem mais eficazes e mais eficientes nos seus trabalhos. A IA é uma ferramenta maravilhosa e está a transformar a maneira como olhamos o mundo. Vendo o que eles criaram podemos dizer que a IA libertará ainda mais o poder da criatividade, não a substituirá.

Ao observar o mercado de profissionais, podemos notar perfis absolutamente novos a emergir. Primeiro, à medida que cada vez mais organizações lutam com as exigências criativas em escala, de fornecer conteúdos para uma gama sempre crescente de plataformas, formatos e canais, estamos a ver um novo papel a ser preenchido por uma equipa de Operações Criativas cujo trabalho é fornecer conteúdos informativos, também em escala, e consistentemente na marca através de toda a sua publicidade paga, conteúdos orgânicos, jornada comercial completa e pontos de contacto CRM. Além disso, está a emergir um novo perfil no campo da Análise Criativa Estratégica - pessoas que utilizam plataformas como essa para descobrir insights estratégicos de alto valor sobre as suas melhores práticas de marca, que se tornam uma parte importante dos dados nas campanhas.

Uma coisa que me chamou atenção foi o braço social deles chamado VidMob Gives, com o qual anunciam que além de olhar para o futuro, olham para o mundo inteiro para compreender como pode servir de motor para as transformações sociais. Não se pode olhar para o futuro e ignorar o que acontece nos dias de hoje, por isso fazem parte do 1% Pledge, um movimento de filantropia corporativa que direciona 1% de todo lucro da empresa para ações com entidades sem fins lucrativos e certificadas.

Trata-se, portanto de uma empresa global, estão a atuar em vários países e ainda têm uma presença tímida em Portugal, lar de um dos eventos mais impactantes do ecossistema tecnológico que eles representam. Mas segundo Alex disse na palestra, eles estão a espera que pessoas incrivelmente talentosas no mercado português telefone para eles.

Tô sim!?

Content Manager da Latam

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