A inocência que rasga o mal absoluto

<em>Quarto</em>, de Lenny Abrahamson
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O quarto é o universo acolhedor onde cresce a individualidade. Mas, e se a definição fosse antes a de um compartimento isolado, apenas com uma claraboia que recorta o céu? O filme de Lenny Abrahamson dá-nos esse cenário, com uma jovem mulher (Brie Larson), encerrada há sete anos num "quarto", com o filho que teve do raptor, e que acaba de assinalar o 5º aniversário. A criança pouco mais sabe do que enumerar objetos no exíguo espaço - "bom dia, armário, bom dia, lavatório..." - como se viver ali fosse uma experiência fantástica. E é, porque a mãe veicula a magia e ilusão que alimentam uma inocente felicidade. No entanto, chegado a essa idade, ela tira-lhe a venda da fantasia e explica-lhe que existe um mundo real lá fora.

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Justamente, o que o filme de Abrahamson tem de extraordinário é o facto de se centrar na descoberta gradual das sensações básicas do mundo exterior, mais do que no drama hediondo que contextualiza. Tudo se conjuga como uma bela melodia de intimidade, na qual Brie Larson e o pequeno Jacob Tremblay garantem a mais comovente expressão da maternidade. É um retrato desarmante.

Classificação: ****

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