Barcelona marca a internacionalização da Castros, empresa especializada em iluminações festivas. Estávamos em 1996. Mas foi a chegada a Londres, a partir do Natal de 2004 - primeiro timidamente e, mais tarde, nas principais artérias, como Oxford ou Bond Street -, que lhe abriu as portas de mercados de enorme exigência como os do Médio Oriente, onde a Castros está já instalada, com uma pequena fábrica e um armazém. "Para jogar na Liga dos Campeões é preciso ter pergaminhos e um portfólio para apresentar. Hoje estamos nas principais capitais do mundo porque somos bons e temos sempre de continuar a trabalhar para sermos melhores do que os outros", diz Jorge Castro. Paris, Bruxelas, Dubai e Abidjan são outras das muitas cidades que ilumina. E Nova Iorque? "Ainda não estamos, mas havemos de lá chegar", garante o administrador..Há 96 anos que a Castros materializa a magia dos sonhos, com milhares de lâmpadas a dar cor às iluminações de Natal. No ano passado, em Lisboa, por exemplo, foram mais de dois milhões de lâmpadas LED. Mas nem tudo tem sido fácil. A crise de 2008 levou ao "esmagamento drástico" dos orçamentos das câmaras municipais e obrigou os irmãos Jorge e António Castro, a quarta geração na gestão da família, a encontrar, rapidamente, alternativas. O mercado nacional, em 2009, valia 80% das vendas da empresa de São Félix da Marinha, concelho de Vila Nova de Gaia; hoje vale apenas 20% dos cinco milhões faturados. "Tivemos de acelerar a internacionalização e, em dois anos, invertemos a tendência", explica Jorge Castro..A empresa dá emprego a 80 pessoas, número que sobe para 140 na época de maior procura, ou seja, entre setembro e dezembro. Opera em três grandes blocos - a Europa, com especial destaque para Inglaterra e França; África, em países como o Gabão, Senegal e Costa do Marfim; e Médio Oriente, servindo os países do Golfo a partir dos Emirados, onde se instalou, em 2011, para dar resposta às solicitações locais..Com uma certificação em IDI há muitos anos, a inovação tem sido o fator fundamental de diferenciação da Castros. E está no seu ADN desde sempre. A empresa foi pioneira, em 1987, na introdução de microlâmpadas de baixo consumo que permitiram uma poupança de energia da ordem dos 50% e "contornos mais rigorosos nas esculturas de luz". Tal como o foi na introdução da tecnologia LED, em 2004, que permitiu poupanças adicionais de 80% na fatura energética. E já em 1987 a empresa projetava a criação das suas peças e obras em computador. "Estamos, sempre, à procura de soluções tecnologicamente mais avançadas que permitam um retorno financeiro ao cliente por via da poupança energética", diz António Castro. Sobre o plano de expansão é claro: o objetivo é chegar à Colômbia e aos EUA, mas a médio prazo. "Estamos a experimentar todos os modelos, a ganhar know-how e experiência, para termos um maior leque de escolha na abordagem a novos mercados." A conceção e desenvolvimento das peças decorativas acontece toda em Portugal, já uma pequena parte da produção, na ordem dos 20%, é feita no Médio Oriente. Mas os serviços de instalação das iluminações são, em muitos mercados, realizados em parceria com empresas locais. Em Portugal, praticamente todos os negócios que faz é em regime de aluguer, mas no estrangeiro há países onde a venda do material tem algum peso. A verdade é que ninguém quer usar a mesma iluminação no ano seguinte e, por isso, tudo é produzido em módulos que podem ter imensas combinações diferentes..E o futuro, como será? "A inovação é fundamental e nós procuramos estar, sempre, na linha da frente no design e na importação de soluções tecnológicas de outras áreas, como a realidade aumentada." O objetivo é transformar a Castros numa empresa de entretenimento, de iluminações criativas e interativas, que mexam com as sensações do público. "Queremos evoluir muito na área sensorial." Por alguma razão um dos seus lemas é we make dreams come true. Todos conhecemos a magia do momento em que as luzes de Natal se ligam.