A hora de repor a verdade
A 26 de maio, o Diário de Notícias publicou um direito de resposta do diretor do Correio da Manhã a um artigo de opinião da jornalista Fernanda Câncio. Fizemos o que sempre fazemos quando alguém considera que foi prejudicado pelo que é publicado no DN.
O artigo de Fernanda Câncio continha informação objetiva que o diretor do CM considerava ser falsa e que podia afetar a reputação do jornal que dirige. Essa era uma razão demasiado forte para hesitar um minuto que fosse sobre a publicação desse direito de resposta. Mas é também por isso que importa recordar que o DN, contrariamente ao que é habitual, aceitou que a sua própria jornalista escrevesse uma nota dando resposta a essa acusação.
Escreveu o diretor do CM: "Esclarece-se que nunca o vídeo esteve online, nas plataformas do CM e da CMTV, com os rostos dos intervenientes nítidos; apareceram sempre desfocados." A jornalista do DN contrapôs, recordando parte do que escrevera e que tinha levado ao direito de resposta: "Quando o vídeo foi colocado no site todos os rostos estavam nítidos à exceção do da rapariga em causa - e mesmo essa seria identificada por quem a conhecesse. Só mais tarde as imagens foram tratadas, desfocando por completo os intervenientes", acrescentando que "o mesmo afirmou Luís Pedro Nunes, a 20 de maio, no Eixo do Mal, da SIC Notícias".
Esta nota direção do Diário de Notícias está propositadamente escrita recordando o que aconteceu e foi escrita para que melhor se possa perceber onde estava a verdade. O assunto foi tratado pela Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), que considerou ter o CM violado vários artigos da Lei de Imprensa, da Lei da Televisão e do Estatuto do Jornalista.
Porque de imediato aceitámos publicar aquele direito de resposta, importa agora deixar claro quem falava verdade sobre a publicação de um vídeo que, em nenhuma circunstância, deveria ter sido exibido como se de uma notícia se tratasse. O CM tem de se entender com a ERC, nós só queremos repor a verdade. Lê-se na deliberação: "No vídeo transmitido no CM online a identidade dos presentes não foi, num primeiro momento, ocultada, e que, mesmo após a edição do filme com vista a distorcer o seu rosto, ainda assim a jovem alegadamente abusada é identificável, uma vez que se exibem traços da sua fisionomia."