Saíram de Hamburgo com destino a Havana em maio de 1939, num esforço desesperado para escapar à Alemanha nazi. Mas os 937 passageiros do S.S. St. Louis, quase todos refugiados judeus, não encontraram abrigo nem em Cuba nem nos Estados Unidos e foram forçados a regressar à Europa. 254 morreram na Segunda Guerra Mundial, muitos em campos de concentração nazis..A história é conhecida e até deu a origem a um filme, A Viagem dos Condenados, mas está agora a ser recordada por muitos nos Estados Unidos, por causa do decreto presidencial que prevê a proibição de entrada de refugiados sírios de forma indefinida e a suspensão por 120 dias do programa de admissão de refugiados na América, assinado por Donald Trump no Dia da Homenagem às Vítimas do Holocausto..Uma conta de Twitter lançada na sexta-feira por dois ativistas judeus norte-americanos recorda a história dos que tiveram de voltar para trás - as crianças e os adultos das fotografias que foram mandados para trás e acabaram por morrer em Auschwitz, Golleschau, Sobibor, Mauthausen. A conta e usa a hashtag #RefugeesWelcome..[twitter:825036913417392128].[twitter:825053272289349632].[twitter:825062084035502080].[twitter:825156456886382593].A história está contada na Enciclopédia do Holocausto publicada pelo Museu do Holocausto nos Estados Unidos. O navio partiu para Cuba, mas na ilha havia "hostilidade contra imigrantes alimentada por antissemitismo e xenofobia". Havia também acusações de que entre os refugiados viriam comunistas infiltrados e cinco dias antes da chegada do navio houve uma manifestação com milhares de pessoas, de caráter antissemita..Assim, quando o S.S. St. Louis só 28 passageiros puderam desembarcar - 22 eram judeus e tinham vistos válidos, os outros eram espanhóis e cubanos. Outro passageiro, que tentou suicidar-se, teve de ser levado para o hospital. Todos os outros ficaram no navio, numa história que foi acompanhada um pouco por todo o mundo..Foi também acompanhada de perto nos Estados Unidos, onde organizações de apoio aos judeus tentaram convencer as autoridades a admitir os refugiados. Alguns passageiros do navio enviaram mesmo telegramas ao presidente Franklin D. Roosevelt a pedir refúgio, quando o barco passou perto de Miami, tão perto que era possível ver as luzes da cidade, conta a Enciclopédia do Holocausto. Atingidos pela Grande Depressão, que alimentou "antissemitismo, xenofobia, nativismo e isolacionismo", os Estados Unidos também não quiseram abrir uma exceção para estes refugiados..O S.S. St. Louis regressou à Europa em junho, menos de três meses antes do início guerra, e as organizações judaicas continuaram a trabalhar com países europeus para admitirem estas pessoas. Das 288 recebidas pela Grã-Bretanha quase todas sobreviveram a guerra, com uma exceção, vítima de um ataque aéreo. Mas das 620 que voltaram para o continente 254 morreram, incluindo alguns que tinham encontrado refúgio na Bélgica, Holanda e França, invadidas nos anos seguintes.