A guitarra às bolinhas de Buddy Guy que mantém os Blues vivos
14 de Maio de 2015 ficou na história da música. Com o adeus de BB King muitos declaram morta a geração dourada dos Blues e todos choraram o vazio que ficava no seu lugar no trono. Agora, um dia depois de completar 79 anos, Buddy Guy lançou um alerta - Born to play the guitar tem duas homenagens, a BB King e Muddy Waters, e um recado: o trono nunca esteve vazio.
"Nasci no Louisiana e com dois anos de idade a minha mãe disse ao meu pai: o nosso menino tem os blues/ Cresci muito depressa e viajei para muito longe/mas uma coisa é certa: nasci para tocar guitarra", assim arranca, com a faixa que lhe dá nome, o 28º disco da carreira de Buddy Guy. Para fechar, duas músicas com um até já e um obrigado: em Flesh & Bone, com a ajuda de Van Morrison, Guy despede-se de BB King; em Come Back Muddy, reclama as saudades de Waters."A minha cabeça está a recuar aos bons velhos tempos/ quando eu e o Muddy Waters tocávamos blues e bebíamos vinho/Volta Muddy, homem tenho mesmo saudades da tua cara./Volta Muddy, Deus sabe que não pode ser substituído", canta.
"Cada vez que entro no estúdio penso nos que foram antes do BB, o Muddy, o Wolf, o Walker, o Sonny, esse gajos todos... foram os meus professores. Quando os conheci, acabaram todos por me dizer: se for antes de ti, miúdo continua a tocar os Blues", contou à Billboard, na entrevista em que assumiu o peso que agora carrega. O trono, queira ou não, é dele, mas a responsabilidade também. "Não é fácil para mim porque ninguém consegue fazer os espetáculos do BB King, do Muddy Waters, do Howlin Wolf, Little Walker ... podia continuar até amanhã. Não eram naturais e ninguém consegue ocupar os seus lugares. Só posso continuar a de falar deles e a tocar", diz com uma estranha modéstia vinda do guitarrista com quem Jimi Hendrix aprendeu, pelo menos, a tocar com os dentes e por trás da cabeça e que Eric Clapton considera o "melhor guitarrista vivo".