A guerra: do semicúpio à cartilha
Houve Guerras do Alecrim e Manjerona e agora temos a Guerra da Cartilha. A primeira foi ópera de Carnaval, século XVIII; a segunda, não. Isto é, não do século XVIII; é do XXI. Mas no resto é igual. Da primeira ficaram nomes sonoros, como o criado Semicúpio. Este era bajulado por dois caça-fortunas que queriam chegar às meninas da casa, com ânsias de quem vai em terceiro ou segundo lugar no campeonato e quer chegar a primeiro. Essa ópera jocosa mais antiga representava-se com marionetas. Na versão moderna, transferiu-se isso para mensagem, que era: há marionetas. O que se explicou assim: um clube manda informações para os comentadores! E então, não é normal que uma empresa e até clube queira informar quem tem acesso aos microfones? A mim, que sou do Benfica, o que me entristeceu foi ninguém me mandar segredos. Gostava de confirmar a minha esperança: estarmos a jogar tão mal é para enganar os adversários, não é? Quanto à cartilha, o que me choca é pretenderem que o nome arrastasse por si uma crítica. Ora, a última de que ouvimos falar, a de João de Deus, pôs milhares de portugueses a ler. Ao chamarem cartilha a esta, sugeriam que ela punha os comentadores benfiquistas a ler futebol. Fui ouvir e confirmei que não - eles eram como os outros. Os acusadores, se queriam insultar, dessem outro nome: dissessem que o clube distribuía aos comentadores um semicúpio. Este é um banho até à cintura, detém-se nas partes baixas, não areja a cabeça.