Quando surgiu, em 2014, o Macan foi um modelo algo incompreendido pelos fãs mais puristas da Porsche. Para que serviria um outro SUV mais compacto? Mas a marca de Estugarda sabia o que fazia. E os números não mentem. Desde o seu lançamento foram vendidas 600 mil unidades - 8500 em Portugal, onde chegou a ser líder - e representa a porta de entrada para 80% dos clientes da marca. Basta referir que, atualmente, é o segundo modelo mais vendido entre todas as gamas da Porsche..Mas a sua importância vai além dos números, faz também parte de uma estratégia. Apesar de, em 2023, estar já agendada uma versão elétrica do Macan, a aposta, nesta nova geração, passa exclusivamente por motores a gasolina. E com muitos cavalos. Mais: quando chegar a sua variante BEV (Battery Eletric Vehicle), a combustão interna continuará disponível. Coabitarão ambas as expressões de mobilidade do mercado nacional, porventura para agradar aos adeptos mais tradicionais da marca. .O design quase nada muda em relação ao anterior modelo. Não é fácil mudar a expressão de um Porsche sem ferir os sentimentos dos clientes. Tem de ser sempre um trabalho de bisturi. No exterior do novo Macan, destaca-se, sobretudo, o novo desenho da grelha frontal, que parece dar mais corpo ao conjunto, e o refinamento do parachoques, enquanto na traseira, além do novo difusor, os grupos óticos estão integrados numa faixa em vinil..No habitáculo, envolvente e luxuoso, pleno de detalhes e acabamentos com materiais de qualidade irrepreensível e dignos de um lounge de hotel com muitas estrelas, sobressai o recheio tecnológico. É uma espécie de best-off dos modelos de várias gamas. Os botões convencionais foram substituídos por comandos tácteis que recordam os do Cayenne. Uma solução "limpa" e que do ponto de vista visual resulta muito bem, mas que durante a condução acaba por não ser tão ergonómico e fácil de utilizar. A enquadrar a "sala" encontra-se uma consola central de alta resolução (10,9") inspirada na que equipa o Taycan. Já agora, o volante do novo Macan é adotado do 911..Mas onde a Porsche mais se empenhou foi na otimização dos motores, todos eles a gasolina. São três os eleitos. O Macan (base) é animado por 2,0 litros que ganha 20 cv e passa agora a debitar 265 cv e cujo binário máximo é de 400 Nm (mais 30 Nm). As prestações anunciadas pela marca para esta versão de acesso dão conta de 6,2 segundos no arranque 0-100 km/h e de 232 km/h de velocidade máxima. Valores que talvez não cheguem para quem deseje um pouco mais de adrenalina. Se for o caso, existe sempre a opção do Macan S, que monta um motor 2,9 litros V6 e oferece já 380 cv (mais 26 cv) e um binário de 520 Nm (mais 40 Nm). Os valores já entusiasmam mais: 4,6 segundos dos 0-100 km/h e 259 km/h de velocidade máxima. Não chega ainda? Existe sempre o Macan GTS, equipado com um motor biturbo, também de 2,9 litros V6, mas com 440 cv de potência (mais 60 cv) e binário máximo de 550 Nm (mais 30 Nm). O poder de fogo, claro está, é muito superior. O sprint 0-100 km/h faz-se num piscar de olhos (4,3 segundos) e a velocidade de topo é de 272 km/h, mais 11 km/h do que o anterior GTS..Para melhor lidar com tanta potência, o SUV alemão foi trabalhado pelos engenheiros da Porsche em termos de vectorização de binário e das suspensões pneumáticas (de série no GTS e opção no S), que permitem baixar o centro de gravidade e deixar a carroçaria bem junto ao asfalto, para uma condução ainda mais desportiva..Apesar de todos as virtudes do novo Macan, os preços podem assustar um pouco, mas nada que impeça a Porsche de manter uma atividade comercial bem sucedida e quase digna de estudo. Começam nos 82 526 euros do Macan, sobem para os 108 037 euros da versão "S" e chegam aos 125 627 euros do GTS, que se distingue dos demais não apenas pelo pack GTS Sport, composto por bancos desportivos com 18 posições e pelo interior em carbono, estofos Race-Tex com elementos adicionais em pele, mas também pelo verde Python da carroçaria..jorge.flores@ext.globalmediagroup.pt