Eis um facto insofismável: há toda uma tendência da produção portuguesa que passou a definir-se a partir da convocação de valores enraizados nos formatos esteticamente mais degradados do espaço televisivo: primeiro, a banalização de um humor ligado a um entendimento mecanicista da tradição da stand up comedy; depois, o triunfo dos clichés (narrativos, dramáticos, morais) das poderosas telenovelas. Nesta perspetiva, a nova versão de O Leão da Estrela apenas consegue repetir os lugares-comuns já observados na anterior experiência de recriação de O Pátio das Cantigas. Aliás, desta vez, a convocação das comédias portuguesas dos anos 40 perdeu mesmo qualquer motivação, seja ela factual ou simbólica.
Veja o trailer:
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Em O Pátio das Cantigas, ainda prevalecia uma débil "imitação" cenográfica; agora, o filme satisfaz-se com um trocadilho com o "leão" e a "Estrela" que o título refere... Que base de diálogo pode existir entre o cinema português que aqui se exprime e o "outro"? Em boa verdade, nenhuma - ninguém vai abdicar dos seus valores, vivemos incomunicáveis.
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