Há cineastas que são lugares seguros, e outros que são extraordinários condutores, valorizando a ideia de que a viagem é mais importante que o destino. Abbas Kiarostami (1940-2016) é um lugar seguro, mas será também uma das maiores referências dessa arte de conduzir o espectador no suspense das jornadas quotidianas, nutridas de graciosos diálogos, muitas vezes dentro de um automóvel.
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É essa essencialidade do realizador iraniano que se vê em O Sabor da Cereja (1997), a sua Palma de Ouro (agora em reposição), onde um homem soma quilómetros no seu jeep à procura de quem lhe possa ajudar no seu plano de suicídio.
E fá-lo com a mesma ansiedade do menino de Onde Fica a Casa do Meu Amigo? (1987), que só queria entregar o caderno da escola ao colega... As personagens de Kiarostami são assim: escritas para belíssimos poemas morais e visuais.
Classificação:*****