Um documentário com Maria Filomena Molder é, só por si, um diamante de erudição. Todas as Cartas de Rimbaud tira partido dessa verve e intimidade cultural que anima o discurso da ilustre filósofa, exibindo excertos de aulas suas e leituras - como o título indica - de cartas de Rimbaud que tem copiadas à mão num pequeno caderno escondido nas estantes da sua sala de estudo.
E se é verdade que há um encanto próprio nestes registos de sabedoria em estado puro, também se sente que o filme de Edmundo Cordeiro podia ter crescido mais com a "arte de podar" que está implícita no movimento das palavras de Molder (e explícita na introdução).
Digamos que podia haver mais planos das mãos de Molder a folhear o seu precioso caderno com as epístolas do poeta francês, e menos imagens "ilustrativas". Ainda assim, é um documentário com luz dentro.
Classificação: ** (Com interesse)