A Direita que soma
Contados os votos e distribuídos os mandatos, a generalidade do comentário político colocou o essencial do esforço crítico no resultado da coligação Somos Madeira, que por acaso venceu as eleições, em vez de no PS, que as perdeu estrondosamente. A inversão da lógica e no critério, é muito impressionante.
Em conjunto, o PSD e o CDS-PP alcançaram um resultado de 43,13 %, elegendo 23 deputados regionais, a 1 apenas da maioria absoluta. Já o PS ficou-se pelos 21,30 %, perdendo 8 deputados regionais e elegendo somente 11. Foi esta purga que permitiu a grande dispersão que levou à Assembleia Legislativa do arquipélago uma multiplicidade de novos atores. O PS foi o grande derrotado da noite eleitoral e nessa medida resulta caricato que António Costa, secretário-geral do partido, não seja chamado a justificar a hecatombe, como é ridículo que possa haver à Direita quem se permita embarcar no jogo que mais interessa à Esquerda, encarando a vitória, como derrota, enquanto o fracasso do PS se vai cristalizando no silêncio. Para esse peditório o CDS-PP não dá.
Pudessem os resultados registados na Madeira ser transpostos para eleições legislativas e o que estaria a acontecer seria uma mudança de ciclo, com o fim implacável da governação de António Costa e a ascensão de uma nova solução política, certamente elogiada pelo feito. Não há razão para menos do que isso na Madeira, o que significa que as coisas têm de ser colocadas em perspetiva.
O CDS-PP - é bom que se recorde - entrou na coligação Somos Madeira por valor, e não por favor. Os 3 deputados eleitos há 4 anos em listas próprias foram decisivos para a maioria absoluta que geriu os destinos da região e foi pela estabilidade assegurada, bem como pela qualidade do trabalho, que integrou de pleno direito essa coligação. Para o que importa, o CDS-PP manteve 3 deputados, que, no novo cenário, se manterão fundamentais para a formação de qualquer outra maioria.
Duas últimas conclusões muito importantes:
- A primeira foi a definição finalmente clara do PSD, a respeito da recusa de entendimentos futuros com o Chega. Luís Montenegro disse-o sobre cenários saídos de próximas eleições legislativas, secundando o que Miguel Albuquerque antecipara para a Madeira.
- A segunda tem que ver com a comprovação cristalina de que o Chega é o populismo que divide o espaço político de Centro-Direita, onde o CDS-PP soma. Quando André Ventura assumiu, antes mesmo do líder do PSD, que não faria qualquer acordo com a coligação Somos Madeira, revelou o partido que serve o PS e a Esquerda, com uma utilidade tão grande para o PS e António Costa, que exatamente por isso o estimam e ajudam, politicamente e no espaço mediático.
Num triste paradoxo, quem vota no Chega, convencido de que escolhe uma Oposição ao PS, limita-se na verdade a contribuir para perpetuar a Esquerda no poder.
Dito isto, começa agora o novo ciclo para as eleições para o Parlamento Europeu. Nelas, os eleitores terão a oportunidade de transformar o CDS-PP na grande causa que estará em discussão. Caberá aos portugueses mostrar que um partido assim, estruturante e fundador do regime democrático com passado e presente, quadros, doutrina e ideias, continuará a ter muito futuro.
O CDS-PP é uma Direita que faz falta e não é substituída por mais ninguém. O tempo é de construir.
Líder do CDS-PP