A despedida emotiva dos Silence 4 no Meo Arena

A sala de espetáculos lisboeta encheu para receber o grupo de Leiria naquela que foi a última data da digressão de reunião. Foram entregues 30 mil euros à Liga Portuguesa Conta o Cancro.
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Foi com a versão de A Litttle Respect, dos Erasure, que os Silence 4 se apresentaram há quase 17 anos para, pouco depois, se tornarem num dos maiores fenómenos da música portuguesa, com milhares de discos vendidos, concertos em qualquer recanto do País. E foi precisamente com esta canção que arrancaram o concerto de ontem à noite no Meo Arena, em Lisboa, o último de uma pequena digressão de reunião para celebrar a recuperação da cantora Sofia Lisboa de uma leucemia.

Não foi preciso esperar muito para ouvir Borrow, aquele que foi, indiscutivelmente, o maior sucesso do grupo nascido em Leiria em novembro de 1995, apresentada logo no início do espetáculo. Não é razão para menos. As canções dos dois álbuns da banda, mas principalmente do primeiro, Silence Becomes It, estão de tal forma entranhadas na memória de milhares de pessoas que também cresceram com o fenómeno Silence 4, que cada tema apresentado foi recebido como se de um êxito se tratasse, tal era o seu reconhecimento.

Umas das maiores surpresas da noite foi a presença de Sérgio Godinho, que voltou a pisar o palco do Meo Arena com os Silence 4 (já ali tinha estado quando a banda deu o célebre concerto a 18 de dezembro de 1998) para interpretar Sextos Sentidos, canção do primeiro disco do grupo, com letra da sua autoria.

Seguiu-se My Friends, um dos temas recebidos mais entusiasticamente pelo público que encheu a sala de espetáculos. Neste momento desceu dos "céus" um carro que, depois de suspenso no ar, "aterrou" no palco e em cima do qual David Fonseca interpretou parte do tema, com megafone em riste.

Este foi apenas um dos vários elementos cénicos que preenchiam o Meo Arena, entre uma dezena de cadeiras suspensas no ar, a imitação de um aquário gigante e um grande farol.

To Give, com imagens do teledisco de então a passarem ao fundo, Cry e Ceilings anteciparam um dos primeiros momentos mais emotivos da noite, que foi a interpretação de Angel Song. Um tema que, como contou Sofia Lisboa perante as milhares de pessoas que se encontravam no Meo Arena, se tornou cada vez mais especial para si na luta que enfrentou contra o cancro e que pensou que "não voltaria a cantá-la", confessou. Mas cantou, com o público e banda a partilharem a comoção.

Do grande palco passaram para um outro bem mais pequeno no centro da arena, como que numa tentativa de reproduzir a sala de ensaios que os recebeu durante os primeiros três anos em que recebiam "não" de todas as editoras, lembrou David Fonseca. Nesta altura Sofia Lisboa agradeceu à irmã (que se juntou à cantora em palco) que lhe salvou a vida, tendo recebido dela medula óssea, cantando Invincible, dos Muse, tema que ambas ouviam nos momentos de maior desânimo aquando da luta contra a leucemia.

Seguiu-se um grupo de canções mais desconhecidas, nunca editadas, mas que os Silence 4 compuseram antes de entrarem em estúdio para gravar o primeiro álbum. Uma delas, Silence Becomes It, chegou mesmo a dar título à estreia discográfica da banda, mas acabou por não ser incluída no seu alinhamento.

Voltaram depois ao palco principal, a bordo de temas como Search Me Not e Breeders, recebendo, depois, um grupo de representantes da Liga Portuguesa Contra o Cancro (inclusivamente o seu presidente), a quem entregaram, num momento simbólico, 30 mil euros angariados na pequena digressão que encetaram ao longo do último mês pelo país.

E como a carreira dos Silence 4 foi curta, mas intensa, voltaram aos conhecidos Borrow, My Friends e A Little Respect, durante a qual Sofia Lisboa desceu do palco para cumprimentar as primeiras filas de admiradores, visivelmente emocionada com tudo o que estava a acontecer.

Despediram-se mas voltaram pouco depois para o último adeus, com a canção que tanto marcou a cantora na sua batalha, Angel Song, que assinalou assim a razão pela qual esta reunião foi concretizada, para celebrar a vida da cantora através da memória do fenómeno estrondoso que foram os Silence 4.

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