A dança na solidão de Clara Andermatt

'So Solo', é o momento em que, depois de 20 anos de carreira, a bailarina se apresenta sozinha em palco num espectáculo assumidamente teatral
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O palco da Culturgest recebe hoje, pelas 21.30, a mais recente criação da bailarina Clara Andermatt, pioneira do movimento da nova dança portuguesa.

So solo é uma peça sobre "as múltiplas solidões que o corpo humano atravessa ao longo da vida e que eu percorro não apenas com o movimento mas com a interpretação, com os textos e com as vocalizações", explica a artista.

Composta em conjunto com Robert Castle e Alexandra Orozco, actores com os quais estudou o método Stanislavsky e Lee Strasberg, esta peça junta o desejo de Clara Andermatt dançar sozinha em palco com a vontade de "explorar a questão da solidão como uma experiência humana mais vasta".

Num palco inóspito, esferas e areia evocam um mundo arcaico ou pós-apocalíptico onde a bailarina se encontra com Stanley Kubrik, Tennessee Williams ou Bernard Shaw e, durante uma hora, dá vida a uma série de personagens, tolhidas, furiosas ou expectantes, mas todas "entre o voo e a queda", frase que Alexandra Orozco usou para definir Andermatt e que se tornou"o ponto de partida de toda esta peça", explica a artista.

"Queria criar personagens que reflectissem esses estados de alma, da força à fragilidade pelo quais todos passamos", conta.

Precursora da Nova Dança Portuguesa, Clara Andermatt sempre cruzou a dança com outras linguagens, porém, este é que é o seu primeiro trabalho a solo é também o espectáculo em a representação teatral se sobrepõe à dança propriamente dita.

"É um trabalho mais sensorial mas que visa produzir sentidos o que no limite é a essência da dança", conclui.

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