A conflituosa relação entre Reino Unido e União Europeia

Uma longa história de amor e ódio. Primeiro foi o Reino Unido que não quis, depois foi a França que por duas vezes disse que não. O casamento deu-se em 1973, mas em 1975 foi a votos num primeiro referendo
Publicado a
Atualizado a

O sonho dos Estados Unidos da Europa

Foi com a Europa em ruínas, a 19 de setembro de 1946: "Temos de construir uma espécie de Estados Unidos da Europa. (...) As pequenas nações serão tão importantes como as maiores e conquistaram a sua honra através da contribuição para a causa comum", afirmava em Zurique o primeiro-ministro britânico Winston Churchill. Em 1952 nascia a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço. O Reino Unido não fazia parte da lista de membros fundadores: Bélgica, França, Itália, Alemanha Ocidental, Holanda e Luxemburgo.

Muito obrigado mas não queremos Roma

Em 1957 assinou-se o Tratado de Roma, momento constituinte da Comunidade Económica Europeia. O Reino Unido rejeitou o convite para juntar-se às seis nações fundadoras. "Nunca percebi por que não quiseram. Talvez fosse o preço da vitória, a ilusão de que era possível manter o que tinham sem qualquer mudança", afirmaria mais tarde Jean Monet, talvez o principal arquiteto da Europa unida.

E por duas vezes os franceses disseram que não

Por duas vezes, em 1961 e 1967 o Reino Unido pediu para aderir à CEE. Por duas vezes o presidente francês Charles de Gaulle vetou o alargamento da comunidade aos súbditos de Sua Majestade.

Um casamento com pouca paixão e um referendo

Georges Pompidou sucedeu a De Gaulle e em 1973, pela mão do primeiro-ministro conservador Edward Heath, o Reino Unido adere à CEE. A paixão durou pouco e em 1975 os britânicos foram chamados a decidir em referendo se o casamento deveria continuar. Nas urnas, 67% dos eleitores disseram que sim. A líder do Partido Conservador, recém-eleita, fez campanha pela renovação dos votos de matrimónio. Chamava-se Margaret Hilda Thatcher.

Queremos o nosso dinheiro de volta

Quando foi eleita primeira-ministra, em 1979, Thatcher já se tinha transformado numa eurocética. Em 1984 o Reino Unido era o terceiro país mais pobre da CEE, mas estava prestes a tornar-se no maior contribuinte líquido. O problema estava na Política Agrícola Comum, que absorvia 70% do orçamento comunitário. Os britânicos, que não apostavam muito na agricultura, recebiam pouco. Thatcher renegociou a contribuição britânica e conseguiu a devolução de parte do dinheiro - é o chamado "cheque britânico".

Todos em Lisboa menos Gordon Brown

Em 2007, apesar de o Reino Unido ter ratificado o acordo, o então primeiro-ministro Gordon Brown - que defende o bremain - falhou a assinatura do Tratado de Lisboa, um documento que entregou mais poderes a Bruxelas e foi o sucessor da malograda Constituição Europeia.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt