"A atual situação pode levar a problemas de saúde mental". Agora há um site para ajudar
O medo de ser infetado ou de alguém próximo o ser, a ansiedade e impaciência provocadas pelo confinamento e isolamento, a alteração completa de rotinas de trabalho e familiares, a apreensão relativamente ao futuro, as saudades dos que nos são queridos são apenas alguns dos desafios que enfrentamos nestes tempos de pandemia e que podem ser uma ameaça a uma boa saúde mental.
No sentido de prevenir problemas futuros e ajudar a lidar com os presentes foi criado o site saudemental.covid19.min-saude.pt e reestruturada a resposta do Serviço Nacional de Saúde em termos de saúde mental, como explicou hoje Miguel Xavier, diretor do Programa Nacional de Saúde, na conferência de imprensa diária do ministério da Saúde sobre a evolução da covid-19 em Portugal.
Chamando a atenção para os problemas de saúde mental que naturalmente podem surgir na sequência de uma situação disruptiva como aquela que estamos a viver, o psiquiatra elencou os vários níveis de resposta, que se para a maioria da população poderá resolver-se com medidas de prevenção e promoção da saúde mental, para os que se sentem em maior sofrimento ou tenham doença mental passará pelos serviços de saúde.
Estes foram reestruturados, esclareceu, tendo como base o plano de emergência para a saúde mental em caso de acidente ou catástrofes criado aquando dos incêndios de Pedrógão. Na primeira linha de atendimento estarão os cuidados de saúde primários, que articularão com os serviços locais de psiquiatria e saúde mental, para onde serão encaminhados os casos mais graves. As habituais respostas aos doentes psiquiátricos mantêm-se, continuando a existir consultas (agora "não presenciais", via telefone), internamento e urgências psiquiátricas. A psiquiatria de ligação aos outros serviços do hospital também foi mantida.
No site saudemental.covid19.min-saude.pt, além de toda a informação disponível sobre a covid-19, apresentada de forma simples e sucinta, estão todos os contactos úteis por região e conselhos para lidar com as situações mais diversas, com recomendações específicas para quem é cuidador de idosos ou pessoas com demência ou de crianças e adolescentes, para vítimas de violência doméstica, para quem está a atravessar situações de luto, para quem tem problemas de consumo de álcool ou drogas ou para quem experimenta pensamentos suicidas, por exemplo.
Existe ainda um separador específico para os profissionais de saúde, em que, além de outros materiais de apoio, constam a Linha de Apoio Psicológico e a Linha Cuidar de Quem Cuida,
Miguel Xavier deu particular destaque àqueles que se encontram na linha da frente do combate à pandemia de covid-19, lembrando na conferência de imprensa desta tarde que os profissionais de saúde "por mais treinados que sejam, são pessoas de carne e osso e é natural que eles próprios experimentem sintomas de ansiedade ou esgotamento, pelo que uma das preocupações foi a de criar unidades específicas nos Serviços Locais de Saúde Mental para estes profissionais".