A aposta no mercado brasileiro para o cinema português crescer

Atores brasileiros juntam-se ao elenco e novas personagens às originais. A Canção de Lisboa quer atravessar o Atlântico
Publicado a
Atualizado a

Não é bem um piscar de olho. Nas palavras do realizador Pedro Varela são dois olhos bem abertos, a olhar para o lado de lá do Atlântico. O mesmo é dizer que A Canção de Lisboa quer chegar ao Brasil. E, com esse objetivo, começou por trazer o Brasil para dentro do filme.

Marcus Majella é uma cara conhecida dos portugueses sobretudo pela participação na Porta dos Fundos. "Adorei o roteiro", diz ao DN num intervalo das filmagens em que veste a pele de uma personagem que não existe no enredo original - Murilo, o marketeiro da campanha do candidato às legislativas José Caetano. Majella acredita que o filme tem hipóteses de ser bem recebido no Brasil. O caminho está aberto pelos atores portugueses que têm trabalhado em produções brasileiras, além de serem "culturas próximas" e de um outro fator que o humorista destaca: "Portugal está super na moda. Acho que tem grandes possibilidades".

[youtube:aEgslL7rVNc]

E, já agora, como está Majella a ver à distância o que se passa na vida política brasileira, com a presidente Dilma Roussef ameaçada de destituição? "Estou acompanhando, aflito. É meio triste, esse momento que estamos vivendo. O Brasil estava indo super bem e, agora, infelizmente, está passando por isso. Mas acredito, tenho fé que tudo melhore".

Atores fortes

Quem também acredita no sucesso do filme no Brasil é José Gandarez, o ideólogo do projeto Novos Clássicos. O advogado lembra que a ideia nasceu de "uma conversa com um amigo, uma conversa saudosista sobre os anos de ouro do cinema português".

A conversa passou a uma ideia - porque não pegar nestes filmes e trazê-los para o século XXI? E daí passou para "quase ano e meio de negociação dos direitos de autor". O advogado acabou por formar uma produtora que se juntou à Stopline de Leonel Vieira para produzir os três filmes.

Pedro Varela sublinha que o filme tem "duas estrelas brasileiras fortes" (além de Marcus Majella, integra o elenco a atriz Luana Martau) e o objetivo de chegar ao grande público é assumido. E inevitável, diz o realizador: "Se não alimentarmos a ponte com o Brasil vamos estagnar, o nosso cinema não vai crescer."

Agora, o objetivo é fazer chegar este A Canção de Lisboa ao circuito comercial brasileiro, porque mesmo com bons números de assistência "o nosso mercado é muito pequeno", argumenta José Gandarez. Que não tem dúvidas: sem internacionalização "é muito difícil o cinema português autossustentar-se". Se a solução pode vir do Brasil e se pode ser este o título a abrir a porta é uma questão em aberto para o produtor: "Também era difícil pôr o projeto de pé e conseguimos. Vamos ver."

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt