A alternativa com humor à Alternativa populista

Saltos altos, glamour e muita maquilhagem. O partido até pode ser a fingir mas eles garantem que as motivações são bem sérias. O alvo são os populistas anti-imigração da AfD.
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Há quem queira filiar-se. Há quem procure um comício. Há quem envie mensagens de apoio. Mas, na realidade, o partido não existe, as motivações sim. Chamam-se "Travestie für Deutschland" (TfD) e, sem ver mais nada, já se percebe a ligação com o partido de direita populista Alternativa para a Alemanha (Alternativ für Deutschland AfD). As parecenças são tudo menos casuais e continuam. "Usamos um stiletto vermelho como símbolo (eles usam uma flecha) e as mesmas cores do partido AfD, aquele azul berrante que é impossível ignorar. A campanha é protagonizada por várias drag-queens vestidas com roupas antigas muito chiques, outras com roupas muito coloridas e brilhantes. Brilho, há muito brilho por todo o lado." Alexander Winter, porta-voz, sublinha que o desejo é precisamente chamar a atenção.

"Temos dois objetivos: um é conseguir ligar as pessoas à política e fazê-las votar no dia 24; o segundo é tentar que sejam espertas e não caiam nas mentiras dos partidos populistas. Também porque a maioria de nós pertence à comunidade LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) e temos notado aí uma tendência: as pessoas ou não votam ou escolhem a extrema-direita. Isto acontece porque o AfD tem usado o medo aos muçulmanos e às suas potenciais tendências homofóbicas. Usam esse medo como ferramenta. O que queremos é dizer-lhes: Atenção! Não é inteligente votar neles, o AfD não é um partido simpatizante da comunidade LGBT, os partidos populistas nunca o são, por isso pensem bem antes de ir às urnas."

O movimento, criado há pouco mais de um ano, já reúne cerca de dez mil seguidores no Facebook. Alexander Winter revela que a ideia surgiu "quando Jacky-Oh Weinhaus, que é a líder do partido, fez uma sessão fotográfica e, ao partilhar as imagens na rede social Instagram, utilizou a hashtag (etiqueta) põe maquilhagem nos nazis. Ela inventou essa hashtag porque estávamos chocados com a subida dos resultados do AfD, que é, na nossa opinião, um partido muito perigoso. Acabou por criar muito alvoroço e começámos a questionar-nos como poderíamos usar isso para fazer mais."

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Mas nem toda a maquilhagem do mundo parece conseguir encobrir os resultados. A pouco menos de uma semana da ida às urnas, o AfD aparece em terceiro lugar nas sondagens, com 11% das intenções de voto.

"O AfD usa slogans anti-islamistas como "Burkas? Nós preferimos Bikinis" ou "Burkas? Nós preferimos Borgonha". Os slogans do nosso movimento TfD alteram muitas destas frases, misturando sarcasmo e humor: "Bebam a porcaria do Borgonha sozinhos, eu prefiro Prosecco"," lê-se num dos muitos panfletos onde aparece Gisela Sommer, um dos vários homens, vestido como mulher, com o dedo do meio levantado. Alexander Winter dá mais dois exemplos: " Eles dizem: Vivemos num país livre e eu sou livre para dizer que não quero casamentos gay (atualmente em discussão na Alemanha). Nós respondemos: Achamos que a Frauke Petry (antiga líder do AfD) é um bocadinho estúpida, somos livres de o dizer. Outro dos slogans usa a ironia e diz qualquer coisa como: Por favor, tem dó, o populismo é tão Berlim 1945 (alusão ao fim da II Guerra Mundial e ao regime Nazi)". Mas nem tudo são arco-íris. Já receberam algumas mensagens muito críticas e até ameaças. "Normal", acreditam. Para esses há sempre um sorriso e o desejo de um bom dia.

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