"A Alemanha é uma espécie de consciência na Europa"
"Angela Merkel está certa quando diz que todos na Europa têm de partilhar a responsabilidade [no acolhimento de refugiados]. O Reino Unido, por exemplo, não está a fazer o que deve", explicou Alfred Dubs. Para o ex-deputado e lorde trabalhista, na questão dos refugiados, "a Alemanha é uma espécie de consciência da Europa".
Nascido em Praga, Dubs tinha seis anos quando, em 1938, a mãe o meteu num comboio do chamado "kindertransport" que o levaria até Inglaterra. O pai, judeu, fugira no dia em que os nazis entraram na Checoslováquia e estava à espera dele em Londres. Esta história é o próprio Dubs que a conta no documentário Sea Sorrow.
Realizado por Vanessa Redgrave, o filme tem ante-estreia marcada para este noite às 21:30 no cinema Medeia Monumental, em Lisboa, com a presença da atriz britânica, do produtor Carlo Nero e de lorde Dubs.
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Os três, com a mediação de Paulo Branco, falaram ao fim da manhã aos jornalistas, com Redgrave a concordar com Dubs que o problema está nos "governos da União Europeia como um todo", que não estão a fazer o que digam para acolher os refugiados.
Perante a relutância dos líderes, o segredo passa, garante lorde Dubs, por "pôr a opinião pública do nosso lado". A começar pelos mais jovens. Carlo Nero, cuja filha participou numa das marchas a favor dos refugiados retratada no documentário, explica como "em Londres muitas escolas recebem refugiados ou organizam o dia do refugiado para alertar as crianças o mais cedo possível. É importante explicar o horror que estas pessoas enfrentam para chegar à Europa".
Um "raio de esperança" que Redgrave espera concretizar-se, até porque "a democracia está em jogo". Para a realizadora, o filme "pode ajudar". Lorde Dubs não podia concordar mais: "Se o filme ajudar a salvar uma única vida já vale a pena", remata.